Desde a ampliação do Polo Industrial de Manaus (PIM), o modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) teve influência na preservação da floresta amazônica nas últimas décadas. Porém, para o deputado estadual Tony Medeiros (PSD) a preservação ambiental tem atrapalhado a destinação de investimentos para o Amazonas, principalmente, no que diz respeito aos municípios do interior.
“Estamos sendo penalizados porque preservamos o meio ambiente. Interessante que todos os Estados e países podem se vangloriar do setor primário, mas o único Estado do Brasil onde é crime investir no setor primário é no Amazonas. Viramos um local de compensação ambiental do Brasil e por que não do resto do mundo?”, criticou Medeiros em seu discurso nesta semana na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
Porém, de acordo com o economista Farid Mendonça Júnior, o meio ambiente é a “nova agenda”, pois muitos fundos internacionais só investem em locais onde se tenha compromisso com a natureza.
“A questão ambiental não tem como retroceder. O Amazonas pode avançar inclusive nesta seara, com créditos de carbono, por exemplo. Ele precisa se projetar para o mundo e ocupar o seu lugar na discussão ambiental, podendo até liderar este processo”, disse o economista.
Mendonça Júnior explicou que o Estado nunca realizou uma Conferência das Partes (COP) sobre mudança climática no Brasil, um dos órgãos supremos das Nações Unidas sobre mudança no clima e que isso poderia ser feito no meio da Amazônia. “Temos que pensar na vanguarda deste processo e não ficar assistindo uma neocolonização ‘ambiental’. Temos que ajudar e, se possível, liderar o processo de regulamentação ambiental no mundo”, ressaltou.
P&D
Para Tony Medeiros, a única maneira de desenvolver o Amazonas é investindo em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) que destina 0,14% fora da área metropolitana de Manaus. “Precisamos de muitos mais investimentos e desburocratizar a questão ambiental. Além de procurarmos alternativas econômicas como o turismo e a pesca”, comentou o parlamentar ao falar sobre o caso de Parintins, a 372 quilômetros em linha reta de Manaus. No caso, o deputado citou o Festival Folclórico e as tentativas do município de investir em Petróleo e Gás.
De acordo com o economista Farid Mendonça Junior, o investimento em P&D é primordial para qualquer país, região ou cidade no mundo pois gera inovação. “Grandes economias, principalmente países desenvolvidos, investem parcela mínima do PIB em P&D. Este processo gera inovação, o que contribui para gerar competitividade da economia por meio de novos produtos e serviços com maior grau de tecnologia embarcada”, explanou.
Todavia, o grau de investimento nesse nicho no Brasil é baixo, seja por via estatal ou privada. Dessa forma, o país tem uma competitividade muito baixa o que o deixa “na periferia do capitalismo”.
“Quando falamos do Estado do Amazonas, repetimos todo este enredo, mas com uma situação peculiar, que é o fato de estarmos sobre a maior biodiversidade do planeta sem aproveitá-la devidamente”, explica.
“Para exploramos nossa floresta de maneira inteligente e sustentável, temos que estudá-la por meio de muito investimento em pesquisa pura e aplicada, para então ‘convertermos conhecimento em nota fiscal’, gerando lucro para as empresas, renda para a população e maior arrecadação para o Estado”, conclui o economista.
Priscila Rosas, para O Poder
Foto: Alberto César Araújo/Aleam
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins