A Polícia Federal (PF) ligou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e Tercio Arnaud Thomaz, membro do Gabinete do Ódio e assessor especial de Jair Bolsonaro a contas inautênticas do Facebook usadas para disseminar mensagens.
A informação faz parte do inquérito aberto pelo STF para apurar o uso da máquina pública para a promoção de atos antidemocráticos e disparo de fake news em massa da rede bolsonarista.
Conforme a reportagem dos jornalistas Eduardo Militão e Rafael Neves, no portal UOL, na investigação, os policiais escreveram uma “hipótese criminal” e listaram uma série de contas de redes sociais inautênticas detectadas por auditoria do Facebook —e que foi confirmada por quebras de sigilos realizadas pelos agentes. No chamado “grupo Brasília”, a polícia localizou 31 pessoas vinculadas a contas usadas para “operações executadas por um governo para atingir seus próprios cidadãos”, como informou a rede social.
Pela PF, Michelle é listada como “esposa de Jair Messias Bolsonaro”, o “proprietário” das contas no Instagram. Tércio Arnaud Tomaz, assessor da Presidência da República no chamado “Gabinete do Ódio”, é apontado pela polícia como proprietário de contas no Facebook.
Acessos
A ligação da primeira-dama com as contas inautênticas está num relatório policial. Uma quebra de sigilos de endereços de internet mostra que, em 5 e 6 de novembro de 2018, Arnaud usou a rede de Michelle Bolsonaro, instalada na casa do presidente da República na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Segundo a reportagem, o email cadastrado na operadora de telefonia era de uma assessora do presidente da República. “Trata-se, ao que tudo indica, do endereço residencial do próprio Presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro”, escreveu o analista da Polícia Federal.
Os dados do Facebook indicam que 1.045 acessos a contas inautênticas foram feitos em órgãos públicos. Foram 408 acessos de dentro da Presidência da República e 15 do Comando da 1ª Brigada da Artilharia Antiaérea, ambos para acessar contas Bolsonaronews e Tercio Arnaud Tomaz. Essas duas contas eram acessadas ainda de dentro da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, mas o relatório não informa se era mesmo o gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Na Câmara dos Deputados, foi identificado que os acessos a essas e outras contas partiram do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho “03” do presidente, e de um assessor dele. No Senado, ainda não houve resposta do órgão. Na Presidência, a PF solicitou as informações cadastrais novamente porque os dados vieram em formato digital incorreto.
A Polícia Federal tentou obter o conteúdo das mensagens das contas com quebra de sigilo. Porém, parte das mensagens não foi identificada ou indicava estar apagada.
Ao final do relatório, a PF indica que é preciso aprofundar as investigações relacionadas ao uso de mídias sociais para incentivar atos antidemocráticos nas ruas, no entanto, a Procuradoria-Geral da República rejeitou aprofundar as investigações propostas pela Polícia Federal.
Conteúdo: BRASIL247
Foto: Marcos Corrêa/PR