Durante depoimento na tarde desta quarta-feira, 9, a CPI da Pandemia, o ex-secretário Executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco assumiu que já tomou medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19.
“O médico me recomendou, eu tomei na fase viral hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, depois anticoagulantes e antibióticos também. O médico me recomendou e eu aceitei. Eu fui internado porque tive de 25 a 50% do pulmão comprometido e ainda estou em reabilitação”, disse Franco.
Atendimento precoce
Franco ainda chegou a defender o “atendimento precoce” para pacientes de Covid com medicamentos sem eficácia comprovada.
“Nossa gestão defendia o atendimento precoce do paciente, com medicamento que o médico julgar oportuno dentro da sua autonomia. Se for usar medicamento off label, que faça o esclarecimento para o paciente”, disse Franco.
Wajngarten
Sobre a entrevista feita pela Veja com o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten em que ele alegou que houve “incompetência e ineficiência” do Ministério da Saúde durante as tratativas com a Pfizer, Franco descartou as declarações.
“Deve ter sido a percepção dele [Wajngarten], mas não foi isso que aconteceu”, rebateu Franco sobre o processo de negociação para compra de vacinas da farmacêutica.
Comitê de crise
Segundo o ex-secretário, o gabinete de crise do governo federal de enfrentamento à pandemia teve 43 reuniões para discutir políticas públicas.
“Como gestão estratégica, instituímos o gabinete de crise da Covid-19 e alteramos a subordinação do Centro de Operações de Emergências para o novo coronavírus (COE Covid). O gabinete de crise para acompanhar e analisar no mais alto nível cenário relativo ao enfrentamento à pandemia subsidia a tomada de decisão no âmbito do Ministério da Saúde”, disse Franco.
“De maio do ano passado a março de 2021, ocorreram 43 reuniões, com participação do Conass, Conasems, Opas, Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira, convidados como a Anvisa e outros”, complementou.
Imunidade de rebanho
Franco negou aos senadores que o governo federal tenha discutido, internamente, a tese de “imunidade de rebanho”.
A hipótese foi defendida ao longo do ano passado pelo deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), citado como integrante do chamado “Ministério da Saúde paralelo”. “Essa teoria nunca chegou na área técnica do ministério”, disse Franco.
Conteúdo: O Antagonista
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado