Roraima – Nos últimos meses, três aliados políticos do governador de Roraima, Antonio Denarium (sem partido), foram alvo de operações da Polícia Federal. Em todos os casos, as investigações tinham como finalidade apurar supostos desvios de recursos federais para o combate da pandemia no Estado
O mais recente foi o caso do prefeito do município de Rorainópolis, Leandro Pereira (Solidariedade). Nessa quinta-feira, 5, os policiais federais entraram na sede da prefeitura e na casa do gestor na tentativa de acharem documentos que comprovassem o desvio de recursos da covid.
Batizada de ‘Contagium’, a operação foi deflagrada para apurar possível fraude e superfaturamento no uso de aproximadamente R$ 4 milhões. Horas depois, a prefeitura emitiu nota ao afirmar que estava colaborando com as investigações e que não havia irregularidades.
Leandro está no segundo mandato como prefeito de Rorainópolis. No fim de semana que antecedeu a operação, ele recebeu no município o amigo e líder político, governador Denarium. O chefe do Executivo Estadual esteve na região para entregar alimentos aos moradores, por meio do programa emergencial Cesta da Família.
‘Homem de confiança’
Outra autoridade próxima a Denarium que teve o nome na lista da Polícia Federal por supostamente participar de esquema de desvio de recursos foi Francisco Monteiro. Ele chegou a assumir a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), sendo um dos ‘homens de confiança’ do governador.
Em agosto de 2020, a Polícia Federal deflagrou a operação “Vírion”, que teve como objetivo investigar suspeitos de integrarem uma organização criminosa que teria se formado para fraudar licitações de produtos e serviços para o enfrentamento da Covid-19. Nesta época, Francisco Monteiro, um dos alvos da PF, havia deixado a pasta há poucos meses.
Enquanto ainda era secretário, ele teria feito, sem licitação, a contratação e o pagamento adiantado de mais de R$ 6 milhões para a empresa CMOS Drake do Nordeste LTDA, referente a compra de 30 respiradores, os quais ainda não tinham sidos entregues para Sesau. Por este motivo, Monteiro foi exonerado do cargo.
‘Dinheiro na cueca’
O caso mais emblemático e que ganhou repercussão nacional foi o do senador Chico Rodrigues (DEM). Em outubro de 2020, o parlamentar roraimense foi alvo de uma operação da Polícia Federal que apura irregularidades no uso de pelo menos R$ 20 milhões.
O dinheiro deveria ser usado para aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs) e testes rápidos de Covid-19. De acordo com a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), foram identificados vários indícios de sobrepreço e superfaturamento nos contratos para aquisição do material.
Durante a operação em Roraima, que ficou conhecida como “Desvid-19”, Rodrigues foi flagrado com mais de R$ 30 mil escondidos na cueca. Ele alegou se tratar de recursos para pagar funcionários.
Apesar de estar mais ‘reservado’ por conta do escândalo, Chico Rodrigues é um político próximo a Denarium. Antes da Operação da PF, o senador era vice-líder do governo Bolsonaro (sem partido) no Senado Federal.
Anderson Soares, para O Poder
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