setembro 21, 2024 15:57

Crise econômica dificulta atenção às políticas migratórias

A crise política vivida no Brasil com as ruptura de diálogo, principalmente, entre o Executivo e o Judiciário, além das diversas manifestações prós e contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), as altas nos juros e na inflação, e os grandes números do desemprego podem dificultar a atenção às políticas migratórias.

O Brasil pode encontrar dificuldade para atender imigrantes, principalmente, enquanto o Haiti vive um momento crítico. Um terremoto matou mais de 1 mil pessoas, destruiu mais de 13 mil casas e deixou outras 13 mil danificadas. Os problemas acontecem após um mês do assassinato do presidente do país, Jovenel Moise, em um ataque a tiros em casa, na capital Porto Príncipe.

Além disso, há a ocupação do Talibã, na capital do Afeganistão, Cabul. Ambos os acontecimentos do último fim de semana podem desencadear uma nova rota migratória pelo mundo.

Para o sociólogo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Luiz Antônio Nascimento, o novo governo de Jair Bolsonaro deve ter dificuldade no recebimento de imigrantes. “O atual governo prega tudo completamente diferente, já que quando falamos em refúgio, falamos em humanização, principalmente aos que vivem em situação de vulnerabilidade”, disse o especialista.

O sociólogo disse que o Brasil já foi mais acolhedor, mas, sempre criou muitas barreiras. “Nosso país só não cria barreiras para chineses ou estadunidenses. O motivo deve estar ligado ao poder aquisitivo, quem tem mais dinheiro tem mais chances de entrar no país sem entraves”, explicou.

Nascimento afirmou que os acontecimentos no Haiti, como o terremoto de magnitude de 7.2 na escala Richter no fim de semana, podem trazer um novo movimento de imigração ao Amazonas, mesmo que em pequena escala. O motivo seria a falta de atrativos em relação ao emprego e oportunidades. “No Sudeste existe uma colônia de haitianos consolidada”, ressaltou.

Pressão 

Segundo o estudioso, a única possibilidade de o governo brasileiro receber os imigrantes seria por uma pressão direcionada pelos Estados Unidos da América. “O governo Bolsonaro é racista de tal maneira que não é possível imaginar que se abra as portas para acolher os imigrantes”, disse o especialista.

O advogado e cientista político Helso do Carmo disse que não visualiza a possibilidade de imigração de afegão por conta da distância. “Hoje vivemos uma retração da vinda dos haitianos, sem contar que o Brasil não é ponto de interesse, devido ao alto nível de desemprego e desestabilidade política”, avaliou.

“A Amazônia Ocidental, como o Equador, deve receber mais pessoas que o Brasil, porque nunca esteve na ‘ponta de lança’”, explicou o estudioso.

Ajuda humanitária

Em missão pela Congregação das Irmãs de Santa Catarina VM, Irmã Maria Liani Postai contou as dificuldades e enfatizou esperança em meio ao caos vivido hoje pelos haitianos após o terremoto. A religiosa disse que por pouco não perderam o local onde residem, talvez por terem construído o imóvel com uma estrutura bastante resistente. “Somos seis irmãs que atuam em missão aqui no Haiti, a nossa casa não caiu, mas tudo dentro da residência caiu”, disse a irmã.

Irmã Liani, que mora atualmente em Abacou, no sul do Haiti, disse que viu de perto todo o desastre e o desespero das famílias.  Ela ressaltou que no último domingo, 15, completou quatro anos em missão no local. “Isso tudo mexe com a gente, mas estamos ajudando da forma que conseguimos, buscando lonas para cobrir as casas destelhadas e na solidariedade de várias pessoas e países”, comentou.

A religiosa disse que o cenário é de desastre, com várias casas destruídas, escolas e hotéis. No entanto, há ajuda humanitária de outros países com remédios e alimentos.

Em um vídeo gravado pela irmã, Jean Daniel François, frei Capuchinho que reside no local atingido pelo terremoto, conta das dificuldades que o povo haitiano enfrentará após o desastre natural. O frei contou que o terremoto aconteceu no sábado, 14, por volta das 8h, e deixou um rastro de destruição por vários lugares. “O povo haitiano está se recuperando pouco a pouco, já havíamos passado por outras dificuldades, como o terremoto em 2010, depois um grande ciclone em 2016, e agora voltamos a sofrer um novo terremoto”, disse o Frei.

Confira a entrevista em vídeo: 

 

Ainda em entrevista ao portal O Poder, irmã Liani contou que a população haitiana já se prepara para um ciclone que deve chegar ao país nos próximos dias. O trabalho de ajuda humanitária do grupo de irmãs no país se traduz em coleta de alimentos, lonas e apoio a famílias que vivem em situação de vulnerabilidade.

Ajuda 

Quem quiser colaborar com os trabalhos sociais e de ajuda humanitária desenvolvidos pelas irmãs no Haiti pode destinar qualquer quantia para as seguintes contas:

SOGEBANK
PORT-AU-PRINCE
Numero: 25 1600 5259

 

BANCO DO BRASIL

AGÊNCIA: 3134 DIGITO 8

CONTA POUPANÇA: 131 220 DÍGITO 0

PIX – 51 99685 2959 (Ivoni Francisca Ferreira dos Passos)

 

 

 

 

Veja as fotos do desastre: 

Ajuda humaitária do Brasil

Por meio de nota, o governo brasileiro informou que acompanha com atenção os desdobramentos do terremoto que atingiu o Haiti em 14 de agosto e tem compromisso com a continuidade da ajuda humanitária àquele país. O governo haitiano manifestou interesse em receber assistência internacional para atendimento às vítimas e às ações pós-desastre.

Em resposta, o governo brasileiro decidiu enviar missão humanitária multidisciplinar ao Haiti, a ser transportada por aeronave cargueira KC-390 Millenium, da Força Aérea Brasileira. A partida é prevista para este fim de semana.

A missão deverá ser composta por equipes de bombeiros peritos em busca e resgate em estruturas urbanas colapsadas, além de contar com “kits” de medicamentos e insumos estratégicos para a assistência farmacêutica emergencial, doados pelo Ministério da Saúde.

A configuração da missão poderá ser ajustada conforme deliberações Grupo de Trabalho Interministerial sobre Cooperação Humanitária Internacional do Brasil (GTI), responsável pela operação, e coordenações específicas com o governo haitiano.

Além disso, de acordo com a nota, o governo brasileiro expressa sua profunda preocupação com a deterioração da situação no Afeganistão e as graves violações dos direitos humanos. Manifesta, igualmente, apreensão com o aumento da instabilidade na Ásia Central e seu potencial impacto em outras regiões.

A nota diz, ainda, que o Brasil espera o rápido engajamento das Nações Unidas para o estabelecimento de canais de diálogo e aguarda que o Conselho de Segurança possa atuar para assegurar a paz na região. É essencial assegurar a atuação plena da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA).

O Governo brasileiro conclama os atores envolvidos a proteger os civis, respeitar o Direito Internacional Humanitário, garantir o acesso desimpedido da ajuda humanitária e respeitar os direitos fundamentais do povo afegão, em especial de mulheres e meninas. É necessário preservar os ganhos obtidos nas últimas décadas em matéria de proteção de direitos humanos, fortalecimento da democracia e desenvolvimento socioeconômico no Afeganistão.

Não há registro de brasileiros atualmente residindo ou em trânsito no Afeganistão. Os telefones de plantão da Embaixada do Brasil no Paquistão (+92 300 8525941), que tem a jurisdição consular sobre o território afegão, e da Divisão de Assistência Consular do MRE (+55 61 98197-2284) estão disponíveis para qualquer nacional que se encontre no país e necessite urgentemente de auxílio.

 

Henderson Martins, para O Poder

Foto: Arquivo O Poder

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