Roraima – A médica Mariângela Nasário Andrade, suspeita de desviar vacinas da Operação Acolhida para imunizar servidores do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), foi homenageada nessa segunda-feira, 30, durante cerimônia realizada no Comando da Força-Tarefa Logística Humanitária, em Boa Vista.
A profissional da Saúde foi agraciada com Medalha do Exército pela Operação Acolhida, que atende migrantes venezuelanos e desenvolve ações humanitárias no Brasil. As informações constam em uma postagem feita nas redes sociais da Operação, a qual ressalta que a médica é coordenadora de saúde do Ministério Público.
Exoneração
Após ser suspeita de desviar as vacinas entre os dias 12 e 13 de julho, a profissional foi exonerada do cargo de coordenadora do Centro Médico e de Qualidade de Vida do TJRR pelo presidente da instituição, o magistrado Cristovão José Suter. A confirmação está publicada no Diário Oficial da Justiça de 14 de julho.
Homenagem
“Durante a cerimônia, o General de Divisão Antônio Manoel de Barros, fez o uso da palavra, reafirmando o compromisso que a Dra. Mariângela teve agregado aos valores mais nobres da pátria e com a sociedade, nos seis anos atuando em prol de migrantes e refugiados venezuelanos”, cita trecho da postagem.
Ainda conforme a Acolhida, entre as principais ações que a médica participou estão a melhoria na estrutura do Núcleo de Saúde Acolhida, “onde muitas vidas foram salvas e os pacientes encaminhados com saúde para a interiorização”.
Segundo pesquisa do portal O Poder, Mariângela é servidora da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), mas estava lotada no TJRR, devido ao trabalho de acolhimento aos migrantes.
“A Operação Acolhida foi a operação que mais me ensinou pela seriedade com que o trabalho é desenvolvido. Eu agradeço pela oportunidade de ajudar pacientes a ter um recomeço com muita saúde” , ressaltou a médica durante a cerimônia de homenagem.
“Criada em março de 2016, a condecoração é entregue para recompensar moralmente o mérito, em suas variadas manifestações, tanto na esfera civil quanto na militar”, finaliza a postagem.
O caso
A denúncia veio à tona em julho deste ano, após o senador Telmário Mota (Pros) garantir que recebeu denúncias envolvendo servidores do TJRR no processo de vacinação. À época, ele revelou que magistrados teriam “furado a fila” para receber vacina contra a Covid-19 e que os imunizantes usados foram retirados indevidamente do Núcleo da Operação Acolhida, onde estavam armazenados.
“Se doses de vacina foram realmente retiradas do domínio da Operação, em que condições e quais magistrados foram vacinados de maneira irregular. Também vamos encaminhar a denúncia ao Ministério Público Federal [MPF] e para o Conselho Nacional de Justiça para que tomem as medidas cabíveis”, comentou Telmário em nota enviada a O Poder.
TJRR
Questionado sobre as denúncias envolvendo os membros do Poder Judiciário, o TJRR disse, à época, que cumpre integralmente o Programa Nacional de Imunização e jamais solicitou, autorizou ou permitiu qualquer ação de vacinação contra a Covid-19. Tendo adotado todas as providências legais, para o esclarecimento dos fatos e devida responsabilização.
AMARR
Sobre o assunto, a Associação dos Magistrados de Roraima (AMARR) também se posicionou e afirmou que não são verdadeiras as notícias divulgadas sobre juízes que teriam furado a fila da vacinação contra a Covid-19, uma vez que todos os magistrados roraimenses já imunizados receberam a vacina em pontos de vacinação oficiais, seguindo rigorosamente o calendário do Programa Nacional de Imunização, com pleno respeito às faixas etárias e/ou comorbidades.
Neidiana Oliveira / Anderson Soares, para O Poder
Foto: Divulgação/Operação Acolhida