A onda de violência e o aumento dos homicídios em Manaus, causados pelo tráfico de drogas em diferentes comunidades da cidade, repercutiram nesta quinta-feira, 16, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). O deputado Álvaro Campelo (PP) citou como exemplo o bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste de Manaus, onde no primeiro semestre deste ano ocorreram 82 homicídios, dobrando o número de assassinatos em relação ao mesmo período do ano passado.
Álvaro Campelo cobrou do governo federal o aumento de fiscalização na fronteira do Amazonas, no município de Tabatinga, uma das principias portas da entrada de drogas no Amazonas. De janeiro a junho deste ano já ocorreram no Amazonas quase 500 homicídios.
“Estou repercutindo o aumento de 34% em assassinatos em Manaus. Nos primeiros três meses, 350 assassinatos. Esse ano já temos 476 assassinatos. Eu que tenho viajado pelo Amazonas percebo a insatisfação no meio nas comunidades mais distantes. As facções criminosas estão presentes em todo o Amazonas e dominaram todas essas comunidades. Hoje, para entrar em algumas comunidades temos dificuldades”, afirmou.
Conselheiros tutelares
O deputado afirmou, ainda, que os conselheiros tutelares que defendem as crianças e adolescentes em Manaus têm dificuldades para entrar nas localidades dominadas pelo tráfico de drogas. “O Jorge Teixeira está dominado pelas facções. Peço uma ação conjunta firme com todo o aparado do Estado e da União. Só vamos vencer essa guerra com a união da Polícia Militar, Polícia Federal e das forças armadas. Estamos lidando com vidas e o futuro de crianças e jovens que não tem perspectiva”, ressaltou.
Investimentos em inteligência
O presidente da Comissão de Segurança da Aleam, deputado Cabo Maciel (PL), foi na esteira do colega e afirmou que a falta de investimentos em tecnologia e a perda de 400 agentes todos os anos que se aposentam tem contribuído para o enfraquecimento da segurança pública no Estado.
“A Policia Civil está há 11 anos sem concurso público e a Polícia Militar há dez. Anualmente perdemos 400 homens que vão para a reserva e aposentadoria. Com o sistema perdendo forças, não tem como combater. O narcotráfico cresce porque tem planejamento e investimento. A droga no Jorge Teixeira não é produzida na capital, mas vem das fronteiras. Senão houver investimento em tecnologia esqueça, porque vários bairros de Manaus vão ser tomados pelo narcotráfico”, alertou.
Dermilson Chagas também falou que o aumento da violência no Jorge Teixeira precisa de mais atenção das autoridades da segurança que não enxergam o que está acontecendo.
“É dolorido assistir esse espetáculo do horror que acontece em Manaus. O trafico deu toque de recolher e a justiça se recolhe. Alguma coisa está muito errada. Falta polícia, ação e atitude para fazer segurança pública”, alfinetou.
‘Ironia’
O líder do governo, Felipe Souza (Patriota), criticou a postura de Dermilson e ironizou a fala do colega dizendo que “finalmente havia encontrado a solução para todos os problemas da segurança”. “Encontramos um nome que pode resolver todos os problemas da segurança púbica, porque o Dermilson Chagas tem a solução para o tráfico de drogas, rebeliões. O problema da segurança é grave e se arrasta e nenhum governador conseguiu resolver ainda, aqui e no Brasil. Em 2021, apreendemos 21 toneladas de drogas recorde e a polícia está trabalhando. De 2019 a 2021 houve redução de 20% nos roubos e furtos e homicídios”, ressaltou.
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Acervo O Poder
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins