Roraima – Calado por oito meses desde que perdeu a presidência da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), o deputado Jalser Renier (SD) fez um longo desabafo na manhã desta terça-feira, 21, durante o Grande Expediente da Casa Legislativa. Jalser atacou colegas de parlamento, afirmou ser vítima de uma conspiração e disse não reconhecer o deputado Soldado Sampaio (PCdoB) como presidente da Casa.
Os ataques de Jalser iniciaram após fala do deputado Nilton Sindpol, que comentou sobre a operação Pulitzer. Ação prendeu envolvidos no sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
“[…] Não reconheço nenhum ato feito por essa Mesa Diretora até o julgamento final da Suprema Corte Brasileira. No momento que a Suprema Corte exaurir as votações e disser que a matéria se aplica para trás, eu estarei aí na porta da Assembleia sem participar de sessão online e chamando o deputado Sampaio de presidente”, declarou.
Articulação política
Jalser afirmou que a saída do comando da ALE-RR foi uma decisão monocrática proferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Morais e que tem consciência de que foi também uma articulação política realizadas por adversários, que agiram de forma sorrateira e ilícita.
“O ministro disse que a eleição teria de ser colocada em 48 horas, eu marquei a eleição para 18 dias após a decisão do ministro. Infelizmente, os meus pares não respeitaram a decisão que eu havia tomado e em menos de 24 horas fizeram a eleição, nomearam Sampaio, sem que a autoridade máxima dessa Corte Brasileira tenha analisado os pedidos”, lamentou.
O deputado argumentou, ainda, que existem 16 presidentes de assembleias no Brasil e que estão na mesma situação que ele, com mandatos eletivos e alguns eleitos até oito vezes, como ocorreu no Estado do Piauí. Segundo Jalser, estes presidentes continuam no comando.
“Mas no meu caso exclusivo, eu fui afastado em caráter monocrático, sem sequer ter o caso julgado. Meus amigos, há de se entender os pensamentos políticos, há de se compreender as decisões judiciais, mas enquanto haver recursos dentro do direito meu, eu estarei sempre apresentando. […] Ou a Justiça é para todos, ou a Justiça não é para ninguém”, desabafou.
‘Fizeram maldade comigo’
Visivelmente aborrecido, Jalser continuou seu discurso criticando os meses de gestão do atual presidente da ALE, Soldado Sampaio. Lembrou que uma das primeiras ações feitas por Sampaio foi a extinção de vários projetos sociais criados na gestão dele e a exoneração em massa de vários comissionados.
“Tiraram a oportunidade de crescimento das pessoas dentro das escolas. Fazendo maldade comigo e demitindo centenas de pessoas aí [ALE] para trabalhar. Não é o filho do Disney que ganha R$ 18 mil, não são as pessoas que estão em outros Estados recebendo benefícios. Eu vou continuar firme, a palavra ‘medo’ nunca fez parte do meu vocabulário”, disparou.
‘Sou inocente’
Durante o discurso, o parlamentar falou, também, sobre o caso do jornalista Romano dos Anjos, onde policiais que trabalhavam junto ao deputado, que na época era presidente da ALE-RR, foram presos por suspeita de envolvimento no sequestro. “E vou dizer algo para os senhores, nunca, em nenhum momento da minha vida política atentei contra a vida de ninguém, […] ou fiz algo que pudesse conspirar contra a vida ou a saúde de qualquer pessoa”, declarou.
O parlamentar complementou que renega atitudes como estas. “Repudio qualquer ato e acho um ato desse covarde, de pessoas que não têm respeito para os cidadãos e eu estou sendo vítima de uma armação política, planejada por este deputado aí [Nilton Sindpol (Patriota)], que acabou de usar a Tribuna, que é menor do que o seu mandato […] que só age em seus benefícios”, citou.
Em um dos momentos com o tom de voz mais alterado, Jalser acusou Nilton de ter pedido cargo e dinheiro durante a campanha de 2018. “Na época da campanha, em que eu estava presidente [da ALE-RR], vivia me bajulando dentro da Assembleia Legislativa, me pedindo cargo, me pedindo dinheiro”, assegurou.
Ataques
Jalser Renier continuou afirmando que, durante vida pública, já foi muito atacado por jornalistas e deputados. “Fui atacado por muitas pessoas na minha vida política: Edersen Lima, Izaías Maia, Paulo Geovane, Márcio Junqueira, Bruno Perez e muitos outros, e nunca receberam um telefonema meu, para ameaçá-los ou agredi-los”, afirmou.
Policiais inocentes?
Sobre o sequestro de Romano, o parlamentar disse que se perguntassem sobre os policias que estão presos que trabalharam para ele na Casa Legislativa, a resposta seria que ele reputa como os melhores policiais.
“Se me perguntassem se esses policiais seriam capazes de fazer isso, eu diria que eles não são capazes de fazer isso, porque eu convivia com eles. Agora, um deputado [delegado] chamado de João Evangelista, liderado pelo senhor deputado Nilton do Sindpol, um deputado sorrateiro, mesquinho, armar um planejamento regional contra a minha pessoa. O senhor é ridículo, mas o senhor não vai ser absolvido pelo voto popular, porque o senhor já está renegado”, ponderou.
“Eu prefiro a morte”
Em outro trecho sobre Nilton, Jalser frisa que: “Se eu tiver que respirar alguma coisa na minha vida e que seja dado pelo senhor, eu prefiro a morte, do que apertar a sua mão ou chamá-lo de amigo. […] Porque o senhor é um sorrateiro e os meus colegas sabem disso e os seus colegas sabem disso. É por isso que o senhor vai ser expurgado das urnas novamente, porque o senhor não nasceu para vencer. O senhor nasceu para conspirar contra as pessoas, vender dossiê e fazer informação privilegiada”.
Ainda em referência ao caso Romano dos Anjos, o deputado garante que se trata de uma armação contra ele. “Esse repórter que foi objeto de uma armação. Esse repórter nem sequer falou de mim, nunca nem sequer me agrediu. Eu não tenho nada contra ele, porque se tivesse, eu estaria lá e falaria na cara dele”, destacou.
Operação da PF
Sobre a operação ser feita antes do julgamento, ele disse: “Liderado pelo delegado João Evangelista, conhecido como louco da Polícia Civil, conhecido como delegado inconsequente e sem amigos. E eu tenho que dizer isso na sua cara delegado. Eu quero dizer que o senhor está armando contra uma pessoa que nunca em nenhum momento de sua vida atentou contra a vida de ninguém”, concluiu.
Anderson Soares, para O Poder
Foto: Divulgação