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Roraima – Enfraquecido e sem aliados desde que deixou de ser presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), o deputado Jalser Renier (SD), preso durante a operação Pulitzer II nessa sexta-feira, 1º, pode ter o futuro político decidido pelos colegas de parlamento. O ‘Menino de Ouro’, como ficou conhecido em Roraima, tem apenas um aliado dos 23 deputados da atual legislatura.
Segundo fontes, deputados estavam reunidos na ALE-RR durante parte da tarde e noite dessa sexta-feira para dar o primeiro passo no processo interno que pode levar à cassação do mandato de Jalser, que é alvo de investigação e apontado como mandante do sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
Notificação
No fim da tarde, a Superintendência de Comunicação da ALE divulgou um comunicado à imprensa informando que a Casa Legislativa ainda não havia sido notificada pelo Judiciário sobre a prisão do deputado, mas, mesmo assim, “foi convocada uma reunião extraordinária da Mesa Diretora, às 17h”.
Às 22h18 dessa sexta, a comunicação da ALE enviou um novo informativo. Neste, informa que a Casa recebeu ‘somente’ à noite o comunicado oficial do Poder Judiciário de Roraima sobre “o fato em questão”.
“Diante do recebimento da comunicação oficial, a Mesa Diretora afirma que irá seguir o rito, conforme estabelece o Regimento Interno, encaminhando a cópia integral dos autos para apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final (CCJ) que terá a responsabilidade de conduzir o processo para apreciação do Plenário desta Casa”.
A ALE não deu mais detalhes sobre o processo, mas garante que “no decorrer de todo o procedimento interno, dará ampla publicidade para que a sociedade roraimense acompanhe a dinâmica a ser seguida até a conclusão, para que todos tenham a certeza de que o Poder Legislativo de Roraima cumprirá seu papel em relação a esse caso”.
Revogação de prisão
Por 6 a 5 votos, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em 2019, que as assembleias legislativas podem revogar as prisões de deputados estaduais decretadas pela Justiça.
Cassação
Com a perda de prestígio e com a prisão do deputado, fontes relevam que os deputados teriam se reunido na sexta-feira, 1º, para dar o primeiro passo no processo que pode levar a votação da cassação do mandato do deputado Jalser, assim como ocorreu com a ex-deputada federal Flordelis, que teve o mandato cassado e, consequentemente, perdeu a imunidade parlamentar e foi presa. Ela é apontada pelo Ministério Público como mandante do assassinato do marido, em 2019.
Segundo especialistas consultados pelo O Poder, há todo um processo a ser seguido para que ocorra uma possível votação da cassação do mandato do deputado Jalser Renier.
Declínio
Por anos considerado um deputado de prestígio, o parlamentar ‘conquistou’ e ‘acumulou’ inimigos na política e recentemente amargou derrota com a debanda de aliados. Em um raro pronunciamento desde que perdeu o comando da ALE, na sessão do dia 21 de setembro Jalser atacou colegas de parlamento, afirmou ser vítima de uma conspiração e disse não reconhecer o deputado Soldado Sampaio (PCdoB) como presidente da Casa.
Os ataques de Jalser iniciaram após fala do deputado Nilton Sindpol, que comentou sobre a operação Pulitzer. Ação prendeu envolvidos no sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
Caso Flordelis
No caso da ex-deputada federal Flordelis, a cassação foi aprovada por meio do Projeto de Resolução 57/21, já promulgado. Nesse caso, o relator do processo no Conselho de Ética, deputado Alexandre Leite (DEM-SP0, garantiu que Flordelis usou o mandato para coagir testemunhas e ocultar provas.
No caso de Jalser, fontes alegam que Jalser pode ter atuado para dificultar às investigações, mas não deram mais detalhes de que forma teria ocorrido essa atuação.
Sem comunicação
O Poder tentou contato com o presidente da ALE, Soldado Sampaio (PCdoB), para questionar se há a pretensão de cassar o mandato de Jalser Renier, mas não obteve sucesso.
No dia em que foi atacado por Jalser, Sampaio reagiu e tornou público que o ‘colega’ de parlamento pediu, ”desesperado’ em tom de ameaça, que o governador Antonio Denarium (PP) extinguisse a força-tarefa que investigava o sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
Álik Menezes, para O Poder
Foto: Divulgação