Os atuais cenários econômico e político têm causado insatisfação nos eleitores de Manaus. É o que indica a pesquisa “Narrativa Política: Discurso do Eleitor Manauara para a Eleição de 2022”.
“Os eleitores não têm se identificado com uma força política, tanto que existe a busca por uma terceira via e inovação para o atual momento”, comentou a pesquisadora do Instituto de Consultoria em Ensino e Pesquisa do Amazonas (Icepam), Érica Lima.
Ainda de acordo com a especialista, pode haver um desgaste por parte dos eleitores tanto para Jair Bolsonaro quanto para Lula. “Sempre houve uma polarização entre direita e esquerda. No entanto, o nome de Sérgio Moro para a Presidência da República foi lembrado por alguns entrevistados durante o mês de julho”, disse Érica.
A especialista explicou, ainda, que o aplicativo de mensagens WhatsApp tem grande influência para as eleições. Isso acontece devido à grande quantidade de grupos que, em sua maioria, são considerados de direita, enquanto a esquerda ainda não tem se mostrado tão ativa no aplicativo.
Além disso, os portais de notícias voltadas para a editoria de política também influenciam. Essas opções tendem a crescer nos meses que antecedem o período eleitoral.
O objetivo da pesquisa é mostrar expectativas, interesses e demandas dos eleitores antes, durante e depois da campanha eleitoral. Conforme o estudo, os eleitores estão em busca de outras vias por não se identificarem com o cenário atual.
Cenário para presidente da República
De acordo com a pesquisa do Icepam, os entrevistados com idade entre 20 e 35 anos consideram negativa a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia por conta da falta de compromisso com a segurança sanitária do país. Nesse grupo, as notícias são acompanhadas, em sua maioria, por WhatsApp e Instagram.
Por outro lado, para pessoas na faixa etária dos 36 aos 60 anos, o cenário é de indecisão e menor rejeição ao atual presidente. Como a ideia do “novo” é forte, nomes como Sérgio Moro, Ciro Gomes e Lula são lembrados. Nesse grupo, o WhatsApp e o Facebook exercem maior influência.
De acordo com a pesquisa, a responsabilidade sobre o quadro das crises política e econômica recai ainda principalmente sobre o PT, na avaliação dos entrevistados. No entanto, boa parte dos discursos apresentam um sentimento de decepção em relação ao governo Bolsonaro.
As menções recorrentes, em todos os grupos entrevistados, quando se
referiam ao governo Bolsonaro foram: “Brasil está quebrado”, “crise”, “pobreza”, “fome”, “pandemia”, “imposto”, “genocida”, “desmatamento” e “vacina.
Cenário para governo do Estado
A pesquisa do Icepam indicou que o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), reduziu a rejeição. O motivo está relacionado ao combate à covid-19 com ações de vacinação e assistência social em todo o Estado, além da integração com a Prefeitura de Manaus. A aproximação com a população em eventos sociais e esportivos também colaborou para a diminuição da rejeição do governador.
O ex-governador do Amazonas, Amazonino Mendes (União Brasil), também foi lembrado. Para os entrevistados, é necessário haver um candidato com experiência, competência em gestão, liderança e influência política. De acordo com a análise, Amazonino preenche todos os requisitos, mas é “barrado” quando o assunto é idade, o que leva a acreditar que a vitória do ex-governador depende, principalmente, da escolha do vice.
Outro ex-governador, Eduardo Braga (MDB), também foi lembrado. A imagem do atual senador tem mais força ainda no interior por conta da quantidade de obras executadas.
Cenário para o Senado
Quando o assunto é Senado, o político mais bem avaliado foi Arthur Neto (PSDB). O ex-prefeito de Manaus já ocupou o cargo federal e tem uma atuação bem avaliada. O mesmo se diz para o período em que foi prefeito da capital amazonense.
Uma nova opção, de acordo com os entrevistados, é o nome de Coronel Menezes (Patriotas). Forte aliado de Jair Bolsonaro, o ex-titular da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) tem feito inúmeras ações no interior do Amazonas.
Já o senador Omar Aziz (PSD) rejeitou rejeição na pesquisa do Icepam. O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia foi lembrado por ter associação à ideia de velha política e corrupção, de acordo com os entrevistados.
Terceira via
Na avaliação de Érica Lima, a polarização está diretamente associada à necessidade de sociabilidade, além da vontade de voltar ao “normal”. “Tanto no cenário nacional quanto no cenário local, os impactos econômicos estão influenciando a percepção das classes C e D (perfil em vulnerabilidade econômica). Sendo assim, a busca pela terceira via, sobre a ideia de uma nova opção, ainda é preponderante”, afirmou.
Da Redação