As eleições para presidente da República acontecerão em outubro do próximo ano e há inúmeros postulantes ao cargo. Alguns se lançam para disputar e vencer; outros, apenas para barganhar espaço político e poder; há, ainda, candidatura movida por vaidades ou por exposição da marca partidária.
“Lula (PT) é forte candidato. Tem carisma, eleitorado cativo, um forte partido e fez governos com realizações e com popularidade. Porém, aconteceram escândalos de corrupção envolvendo os seus governos e seus correligionários. Além disso, tempo na vida pública traz desgaste”, disse o cientista político Carlos Santiago. “Se Lula conseguir montar uma boa aliança eleitoral e convencer uma parcela de eleitores que não tem envolvimento com a corrupção e que pode superar a crise atual, ele terá condições de obter um terceiro mandato”, completou.
Para Santiago, Jair Bolsonaro (sem partido) é muito competitivo. “Possui seguidores fiéis. Terá uma forte aliança nacional e nos Estados, com caciques e novas lideranças, mas faz um governo sem grandes realizações e enfrenta uma forte rejeição por causa da pandemia do coronavírus e pela crise econômica. Se Bolsonaro melhorar os indicadores econômicos, baixar a sua rejeição popular e conseguir implantar o Auxílio Brasil, poderá conquistar mais um mandato”, afirmou.
Ciro Gomes (PDT), de acordo com o cientista político, é um candidato muito qualificado. Experiente, tem realizações e detém boas ideias e propostas. Porém, ainda não possui aliança nacional e regional fortes. “A maioria do seu eleitorado é do mesmo campo político de Lula, em especial na região do Nordeste. Além disso, Ciro Gomes se envolve em conflitos desnecessários. Ademais, com a entrada de Sérgio Moro na corrida presidencial a posição de Ciro fica mais difícil”, avaliou.
Já Sérgio Moro (Podemos) representa dúvida para Santiago. “É conhecido, possui admiradores e ingressou num partido político sem imagem negativa. Tem apoio da grande imprensa. No entanto, terá que responder ao eleitorado sobre suas decisões como juiz da Operação Lava Jato e da sua atuação ao lado do presidente Bolsonaro. Moro é hoje o melhor nome da Terceira Via política”, pontuou.
Outros nomes também foram mencionados por Santiago, como de Rodrigo Pacheco (PSD). “Não tem lastro político. Presidente de um Poder desgastado. Terá dificuldade para consolidar o seu nome e ser viável, principalmente nesse momento em que o eleitorado não quer apostar em nomes desconhecidos. É mineiro, filiado num partido forte e tem bom trânsito junto aos partidos de centro”, enfatizou.
O ex-ministro da Saúde, Luiz Mandetta (União Brasil) também foi citado por Santiago. “Ainda não tem o apoio do seu partido. Ficou enfraquecido com o nome de Sérgio Moro dentro campo da Terceira Via eleitoral, com passagem prévia pelo Ministério da Saúde, durante a pandemia, mas depois da sua saída não obteve melhores espaços na mídia”, destacou.
O PSDB, frisou o cientista político, não escolheu o seu pré-candidato. “Até o momento ninguém empolgou o partido e o eleitorado. Essa prévia que está sendo realizada pode, inclusive, dividir ainda mais o PSDB. Arthur Neto, João Dória e Eduardo Leite estão com dificuldades fora e dentro do partido para tornarem-se competitivos”, comentou.
Mesmo sendo de família tradicional da política, filiada a um grande partido e senadora atuante, Simone Tebet (MBD) é desconhecida e não consegue unir o MDB. Por isso, de acordo com Santiago, é muito difícil na atual quadra política manter a sua pré-candidatura.
Por outro lado, apesar de desconhecido e sem força política, o professor Luiz Felipe será um candidato para marcar posição e divulgar as ideias do Partido Novo, além de recuperar a imagem da sigla, que ficou muito ligada ao presidente Bolsonaro.
A ex-ministra Marina Silva (Rede) é uma mulher fantástica, séria e respeitada, na avaliação de Santiago, além de experiente e realizadora. Mas, no atual quadro político, o especialista acredita que ela só tem chance a uma das vagas na Câmara dos Deputados.
“Portanto, o momento é de identificar nomes, avaliar possibilidades e apontar caminhos, mas a decisão real e autônoma será do eleitorado em 2022”, afirmou Carlos Santiago.
Carlos Santiago é sociólogo, analista político e advogado
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