Depois de 2 anos, o presidente Jair Bolsonaro, atualmente sem partido, terá companheiros de sigla. Alguns deles são aliados próximos, como o senador Jorginho Mello (SC) e o ex-senador Magno Malta (ES). A lista de novos colegas de sigla inclui ex-ministros de governos anteriores, famosos, empresários e dissidentes de outros partidos.
O PL (Partido Liberal) tem uma bancada de 43 deputados federais e 4 senadores. A chegada de Bolsonaro deve trazer pelo menos 15 novas filiações com a vinda de seus aliados do PSL e de outras legendas.
A filiação do presidente, raras as críticas, foi bem aceita na sigla e nos diretórios regionais. O partido deu “carta branca” para Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, negociar com Bolsonaro as condições para sua filiação. O chefe do Executivo exigiu que fosse desfeito o acordo de apoio ao vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), além de alianças em alguns Estados do Nordeste.
O presidente vetou coligações com legendas de esquerda. “Foi acertado aqui: não haverá qualquer coligação com partido de esquerda nos Estados. Isso está definitivamente acertado entre eu e o Valdemar. A grande maioria da população é conservadora, cristã, respeita a família, quer o melhor para seus filhos, não aceita ideologia de gênero”, disse Bolsonaro na 5ª feira (25.nov).
Bolsonaro afirmou ter acordado com Valdemar tudo sobre o cenário “macro” do partido nas eleições de 2022. Segundo o presidente, está “tudo certo para ser um casamento” e serem “felizes para sempre”.
A filiação oficial de Bolsonaro foi marcada para 30 de novembro. A data é a 2ª anunciada pela sigla, que remarcou o evento depois de Bolsonaro exigir alinhamento sobre as alianças do partido nos Estados. Será realizado em evento político na sede do partido em Brasília e deve contar com a presença de dirigentes do PL de todo o país, segundo a assessoria da sigla.
Ao lado de Bolsonaro no governo e agora no PL, está a aliada de primeira hora ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo), presidente da sigla no Distrito Federal e uma das responsáveis pela articulação com o Congresso.
Bolsonaro se elegeu em 2018 com discurso de aversão ao Centrão, grupo de partidos sem coloração partidária definida. O PL, além do PP e do Republicanos –que devem apoiar a candidatura à reeleição do presidente– são os principais partidos do grupo.
Antes crítico de Valdemar, Bolsonaro agora precisará estreitar laços com o dirigente da sigla para monitorar o andamento das negociações em sua nova casa. Em 2018, o então candidato do PSL afirmou a jornalistas que não negociaria cargos com Valdemar e citou o envolvimento do político no Mensalão. Na época, Bolsonaro negociava uma chapa com Magno Malta, do PL, como vice. O posto foi ocupado posteriormente pelo general Hamilton Mourão, do PRTB.
Condenado no Mensalão a 7 anos e 10 meses de prisão, Valdemar cumpriu parte da pena em regimes semiaberto, aberto e domiciliar. Em 2016, recebeu indulto e teve a pena perdoada. Antes de Bolsonaro, o presidente do PL foi aliado dos governos Itamar Franco, Lula –em 2002, inclusive, articulou para José Alencar (então no PL) ser o vice do petista– e Dilma Rousseff.
Veja a lista dos principais integrantes do PL que são agora colegas de partido do presidente:
CRÍTICOS E APOIADORES
Um dos maiores críticos e resistentes à filiação de Bolsonaro ao PL é lo 1º vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (AM). O congressista considerou “absolutamente incômoda” a chegada do chefe do Executivo à sua legenda.
Representante de um dos principais grupos de apoio eleitoral do presidente, o dos militares, o deputado Capitão Augusto do PL de São Paulo também já fez críticas e cobranças direcionadas a Bolsonaro. O deputado lidera a chamada bancada da bala, que tem 290 integrantes.
Na sigla, Bolsonaro também terá colegas famosos que entraram na vida política, entre eles o humorista e deputado Tiririca (SP) e o ex-jogador de futebol e senador Romário (RJ). O ex-atleta já declarou preferir o atual chefe do Executivo do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador, mirando a reeleição, quer o apoio de Bolsonaro no pleito de 2022.
Dois ex-ministros dos Transportes também serão companheiros de partido de Bolsonaro. Alfredo Nascimento (AM) ocupou a vaga de ministro por 3 vezes durantes os governos de Lula e Dilma. Já Maurício Lessa (AL) foi ministro de Temer e atualmente é secretário da Infraestrutura do governo de Renan Filho (MDB).
Saiba mais sobre os principais companheiros do provável novo partido de Bolsonaro:
Conteúdo: Poder360
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