A inflação deste ano deverá ultrapassar 5%, conforme o relatório Focus divulgado na última semana de dezembro. Atualmente, o Brasil é o terceiro país do G20 (maiores economias do mundo) com maior taxa inflacionária. Com isso, produtos do setor alimentício, aliados a questões climáticas, tiveram seus preços elevados.
No ano passado a carne teve um aumento de 40% em comparação ao valor pago em 2020. Já neste ano, a previsão de alguns especialistas é que os valores dos commodities sigam em alta. Segundo Leila Pellegrino, economista do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, há uma série de fatores que propiciaram estes aumentos como, os impactos da pandemia e câmbio desvalorizado, portanto, a perspectiva é de alta, embora a longo prazo possa haver uma estabilização nos preços.
O aumento da carne teve aumento devido ao custo da ração do gado e o período de seca no Centro-Sul do país, o que acabou por diminuir o rebanho que leva cerca de nove meses para se repor. O professor de administração e engenheiro de alimentos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Nelson Furquim, explica que o armazenamento frio da carne também encarece o produto. “Açougues e supermercados podem comprar as peças em momentos que estão mais baratas e estocam os produtos. Em períodos de maior consumo, como nas festas de fim de ano, os preços sobem. O varejo aproveita essa situação”, explica.
O frango e o café devem continuar em alta. Os efeitos climáticos, a safra menor e a desvalorização do real impactaram no valor dos grãos. Já no caso do frango, que era considerado uma das opções a carne bovina antes de ter um aumento, seguirá mais caro. As causas também são as mesmas do café, aliados à dificuldade de oferta, como explica Pellegrino. “Houve um aumento desses preços no mercado internacional, aumento da demanda e oferta reduzida, o que causou a alta dos preços”.
Ela explica ainda que a retomada da importação da carne brasileira pela China teve um impacto nos preços daqui. “Embora o embargo não tenha de imediato refletido numa queda de preços para o consumidor, podemos imaginar que essa retomada pode pressionar o preço da carne para patamares elevados por causa do impacto na oferta”, afirma.
A professora explica que um dos caminhos para evitar uma alta ainda maior nos alimentos seria a diminuição do consumo internacional destes produtos e um aumento da oferta doméstica.
Furquim acredita que é preciso estimular a produção para haver queda no preço. “Para isso precisamos que a economia se recupere. Os indicadores apontam que ela está patinando e não deve haver uma mudança significativa para 2022. Se não houver aumento de renda, nada vai mudar”, ressalta.
Segundo o especialista, as questões da cadeia produtiva precisam ser melhoradas, pois o custo da pecuária é elevado. Portanto, é necessário ter ganho de produtividade, diminuindo o custo. “Também é preciso fortalecer a renda dos consumidores e direcionar parte da produção para o mercado local. Hoje, é muito mais atrativo exportar por causa da desvalorização da nossa moeda. Uma reversão do câmbio pode ser positiva para o mercado”.
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie está na 71º posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa Times High Education 2021, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.
Da redação O Poder
Com informações da assessoria
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