O número de refugiados ucranianos subiu para 1.534.792 nesse domingo (6), segundo a última atualização da agência da ONU para refugiados (ACNUR).
Para se ter uma ideia da intensidade e rapidez desse fluxo emergencial, em apenas oito dias, um milhão de ucranianos deixaram o país na fuga dos ataques russos, enquanto a guerra na Síria, iniciada em 2011, levou dois anos para atingir a mesma marca.
O cenário fez o comissário da Acnur, Filippo Grandi, considerar que essa é “a crise de refugiados que mais cresce na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, como publicou em uma rede social neste domingo.
Segundo o porta-voz da Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho, a agência prevê que o número de refugiados ucranianos irá ultrapassar 4 milhões, além de projetar outros 12 milhões de pessoas que seguirão no país com a necessidade de ajuda humanitária.
“É um país bastante populoso, com grandes cidades espalhadas pelo país. A ação militar está entrando em várias regiões do país simultaneamente, as pessoas acabam se movendo em grande quantidade”, apontou Godinho à CNN.
“E é um país com malha ferroviária, rodoviária, e isso, de certa maneira, facilita a saída das pessoas, embora a gente já esteja registrando filas nas fronteiras e abandono de carros. Existem meios para circular diferente de países mais pobres. Eu trabalhei no atendimento aos refugiados do Sudão do Sul e as pessoas chegavam depois de caminhadas de três, quatro dias”, acrescentou.
A vizinha Polônia é o principal destino e já recebeu mais de 885 mil ucranianos (57,7% do fluxo). Os refugiados também têm buscado Hungria, Eslováquia, Moldávia e Romênia por conta da menor distância.
Prioridades do atendimento aos refugiados
Neste momento, a Acnur considera que acolher, abrigar e proteger os refugiados são as prioridades, com garantia de documentação, alimentação, itens de higiene e artigos para o frio intenso da região. Uma preocupação especial é com as crianças.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pelo menos meio milhão de crianças ucranianas deixaram o país para fugir da guerra. “A gente já vem registrando crianças desacompanhadas, sem os seus familiares ou responsáveis e temos que tomar uma série de ações para reunificação”, pontuou Luiz Fernando Godinho.
Segundo o porta-voz da Acnur no Brasil, os refugiados não têm chegado feridos, mas traumatizados e o acompanhamento psicológico também é uma necessidade. Outra atenção é com a denúncia de racismo nas fronteiras, com relatos de discriminação de africanos e indianos. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmyro Kuleba, usou uma rede social para cobrar oportunidades iguais para quem tenta deixar o país. A Acnur também vem pedindo ajuda ampla e irrestrita aos refugiados.
Caso a guerra se estenda, novos desafios vão aparecer, como educação e acesso ao mercado de trabalho nos países que acolhem os refugiados.
A Acnur lançou um apelo de emergência de US$ 1,7 bilhão para fornecer ajuda urgente para os ucranianos. Além do auxílio aos refugiados, existe a preocupação com quem continua na Ucrânia, que precisa de alimentação, remédios, dinheiro e combustível (para transporte e aquecimento).
Para os brasileiros que querem ajudar, doações podem ser feitas pelo site da Acnur (acnur.org).
Conteúdo: CNN
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