Lula segue competitivo e favorito para assumir a presidência da República, mas Jair Bolsonaro caminha rumo ao pleito de outubro com muita força. O fim da CPI da Covid-19 do Senado Federal, o retorno do crescimento econômico, o pagamento do Auxílio Brasil, a maioria da população vacinada e o enfraquecimento da pandemia, além das alianças políticas nos estados e a filiação ao Partido Liberal, tornam Bolsonaro um pré-candidato muito competitivo.
No início da pandemia, o Governo Bolsonaro não priorizou medidas sanitárias e nem a compra de vacinas para combater o coronavírus e salvar vidas. Chegou até a criar conflitos com o Supremo Tribunal Federal (STF), com governadores e com prefeitos por causa da falta de ações efetivas de combate à Covid-19, além de ser investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Durante seis meses, os trabalhos da CPI desgastaram o presidente, informação negativa era publicada, mas acabaram as atividades da Comissão e o relatório final foi enviado ao Procurador-geral da República que, até o momento, resolveu não promover ações contra o presidente e nem contra os seus principais auxiliares, alegando falta de provas.
No anúncio da instalação da CPI, o governo resolveu comprar vacinas e organizou vacinação em todo país, com isso, caíram os índices de mortes, algumas atividades comerciais e industriais voltaram a funcionar plenamente, a economia voltou a crescer e o governo acumulou grande arrecadação.
O governo propôs a criação e o pagamento de um auxílio financeiro a 18 milhões de famílias de brasileiros com um orçamento anual de R$ 89,1 bilhões, gerando impacto econômico nas médias e pequenas cidades do país que sobrevivem de repasses federais e programas assistenciais.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que o “Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,6% em 2021, melhor desempenho desde 2010”, rompendo uma tendência de queda dos últimos anos e, ainda, com a possibilidade de um novo patamar de crescimento em 2022.
Ainda, no plano econômico, o governo resolveu baixar alíquotas do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) de vários bens de consumo, gerando a revolta dos defensores do modelo Zona Franca de Manaus, mas ganhou dividendos políticos com os empresários e consumidores de outros estados brasileiros, pois a medida favorece a competitividade empresarial.
No campo da política eleitoral, Bolsonaro continua com fortes aliados dos partidários do centrão, de vários grupos religiosos, de adeptos da ideia da pauta conservadora na política, de setores da segurança e de militares, e conta também com apoio de eleitores que rejeitam o PT e o ex-presidente Lula.
Há um ano, Bolsonaro “nadava” na disputa eleitoral sem concorrente competitivo, mas depois da decisão do STF que anulou os julgamentos do ex-presidente Lula, ele encontrou um grande adversário. Teve baixa nas pesquisas de opinião e alguns profissionais da imprensa e da política acreditavam que não seria candidato ou, se disputasse, nem chegaria ao segundo turno.
A realidade hoje é outra. Bolsonaro caminha competitivo e conduz uma máquina pública poderosa, promove campanha antecipada, vem montando fortes palanques regionais e comemora o fracasso da terceira via eleitoral que ainda não prosperou.
Mas nem tudo é positivo para o presidente. Ele possui uma alta rejeição popular, os preços dos combustíveis estão insuportáveis, a inflação alcançou dois dígitos e a pobreza cresceu. Então, para ele sair da condição de competitivo para a de vencedor das eleições de 2022, precisa resolver esses e outros problemas que afligem a população.
Por Carlos Santiago – sociólogo, analista político e advogado