Um estudo realizado pelo Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil, o MapBiomas, mostrou que no período de 10 anos, entre 2010 a 2020, a área ocupada pelo garimpo dentro de terras indígenas cresceu 495%. O estudo foi divulgado na noite desta segunda-feira, 18.
Conforme o mapeamento, as maiores áreas de garimpo em terras indígenas estão em território Kayapó (7.602 hectares) e Munduruku (1.592 hectares), no Pará, e Yanomami (414 hectares), no Amazonas e Roraima. Em 2020, a quase totalidade (93,7%) do garimpo do Brasil concentrava-se na Amazônia.
O estudo do MapBiomas mostra que o Brasil perdeu 69 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 30 anos. Nas áreas privadas, essa perda chegou a 47,2 milhões, o que representa 68,4% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil entre 1990 e 2020. Já em Territórios Indígenas (TI), um total de 1,1 milhão de hectares foram desmatadas, correspondendo a 1,6%.
“Os dados de satélite não deixam dúvidas que são os indígenas que estão retardando a destruição da floresta amazônica. Sem seus territórios, a floresta certamente estaria muito mais perto de seu ponto de inflexão a partir do qual ela deixa de prestar os serviços ambientais dos quais nossa agricultura, nossas indústrias e cidades dependem”, explica o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo.
Nos últimos 30 anos no Brasil as TIs perderam apenas 1% de sua área de vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas foi 20,6% em relação à perda de vegetação nativa dentro das áreas privadas.
O mapeamento foi divulgado antes do Dia do Índio, 19 de abril, como forma de alerta sobre a importância de preservação da floresta.
Governo Bolsonaro
A equipe do MapBiomas analisou os dados fornecidos pelo sistema de coleta de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), chamado Deter.
Nos últimos anos, o desmatamento detectado pelo Deter na Amazônia se acelerou em território Indígena, tendo se multiplicado por 1,7 na média dos três últimos anos, quando comparado com a média de 2016 a 2018.
O estudo também comparou os alertas de desmatamento do Deter em territórios indígenas entre 2016 e março de 2022. Os números mostram saltos sucessivos, especialmente nos anos do governo Bolsonaro, tanto do desmatamento em geral, como do desmatamento por mineração.
A pesquisa completa do MapBiomas está aqui.
Priscila Rosas, com infor mações da assessoria
Foto: Divulgação