Roraima – Alvos de investigações e cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR), os deputados Renan Filho (SD), Odilon (Podemos) e Eder Lourinho (PSD) querem permanecer com suas vagas na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR). Os três pediram registro de candidatura à Justiça Eleitoral na semana passada e aguardam julgamento do pedido.
No dia 24 de novembro do ano passado, Eder Barcelos Brandão, o Eder Lourinho, teve o mandato cassado pelo TRE por compra de votos no pleito de 2018. Conforme o Ministério Público Eleitoral (MPE), o crime ocorreu no dia 6 de outubro, véspera da votação, no município de Caracaraí, a 140 quilômetros de Boa Vista.
Durante rondas, equipes de fiscalização encontraram uma caminhonete, modelo Amarok, em frente a uma residência, no bairro da Prainha, no exato momento em que era realizada uma reunião.
No porta-luvas da caminhonete, foram encontradas duas folhas com nomes anotados, além de uma em branco com campos para colocar “coordenadores e militantes”, e colunas para anotar possíveis eleitores, zonas e seção eleitoral. Uma das anotações dizia “20 pessoas R$ 100”; outra relatava que seriam R$ 1 mil para uma mulher identificada apenas como Luiza.
Um dia após a cassação, Eder Lourinho emitiu uma nota nas redes sociais afirmando que entrou na política para realizar um trabalho honesto e que iria recorrer da decisão.
Renan Filho
Candidato à reeleição pelo Solidariedade, do ex-deputado Jalser Renier, Renan Bekel de Melo Pacheco, conhecido como Renan Filho, também registrou pedido de candidatura para tentar se manter no cargo.
No dia de dezembro de 2019, o deputado foi cassado pelo TRE por compra de votos no pleito de 2018, recorreu da decisão, mas no dia 18 de fevereiro de 2020, o colegiado manteve a decisão.
Em sessão plenária, os desembargadores Jefferson Fernandes e Jesus Rodrigues e os juízes Alexandre Magno, Felipe Bouzada, Francisco Guimarães, Graciete Sotto Mayor e Rozane Ignácio, decidiram, por unanimidade, pela cassação do mandato.
‘Escuridão’
Em novembro de 2018, a Polícia Federal deflagrou a operação Escuridão, que investigava desvio de recursos públicos do sistema penitenciário de Roraima em contratos fraudulentos que somam R$ 70 milhões.
Foram presos pela PF Guilherme Campos, filho da então governadora Suely Campos (PP), dois ex-secretários de Justiça e Cidadania, Josué Filho e Ronan Marinho e o dono da empresa Qualigourmet, João Kleber Martins.
Renan se entregou à Polícia Federal após ser considerado foragido. Conforme a PF à época, o esquema de desvio de dinheiro aconteceu entre 2015 e 2017. A fraude foi descoberta após um inquérito, instaurado em 2017, apurar irregularidades em contratos de fornecimento de alimentação para presídios em Roraima.
Fraude
Outro que também teve o mandato e que quer tentar reeleição é o deputado Odilon Filho. O parlamentar foi cassado no dia 26 de maio do ano passado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Odilon foi acusado de fraudar documentos da Câmara Municipal de Caracaraí para obter o registro de candidatura para o pleito do ano de 2018.
Prazo e julgamento
O Poder entrou em contato com o TRE, por meio da assessoria de imprensa, para questionar sobre o caso dos parlamentares, se eles recorreram.
O TRE informou que o prazo para pedido de registro encerra nesta segunda-feira, 15, e que os parlamentares devem ter recorrido das decisões. “A partir de agora serão julgadas essas solicitações. Ou seja, serão analisados todos os registros que têm impugnação e serão deferidos ou não”.
Sem contato
A reportagem tenta contato com os parlamentares, mas até a publicação da matéria não obteve sucesso.
Da redação O Poder
Foto: Divulgação/Montagem