Em discurso com tom eleitoreiro a apoiadores em Brasília neste 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) puxou um coro de “imbrochável” após citar a esposa, Michelle, e compará-la a outras primeiras-damas. O presidente também a chamou de “princesa”.
“A vontade do povo se fará presente no próximo dia dois de outubro. Vamos todos votar, vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós, vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil. Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas”, disse, referindo-se, sem citar o nome, à esposa de seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Não há o que discutir, uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida, não é ao meu lado não, muitas vezes ela está na minha frente. E eu tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de serem infelizes, procurem uma mulher, uma princesa, se case com ela para serem mais felizes ainda”, continuou o presidente.
O discurso foi feito num caminhão de som do agro, próximo do local do desfile oficial, que havia acontecido minutos antes. Estavam presentes o vice-presidente, Hamilton Mourão, o empresário investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) Luciano Hang, o pastor da Assembleia de Deus, Silas Malafaia, além de deputados bolsonaristas e outros apoiadores.
Presidente não ataca Supremo, apesar de vaias dos apoiadores
Ao citar o STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente não emendou em críticas aos ministros e limitou-se a dizer que “todos sabem” o papel da Corte atualmente.
“Tenho certeza, nessa Esplanada, aqui a origem das leis que mudam o nosso país, muito feliz em ter ajudado chegar até vocês a verdade. Também ter mostrado para vocês que o conhecimento também liberta. Hoje, todos sabem quem é o Poder Executivo, todos sabem o que é Câmara dos Deputados, todos sabem o que é o Senado Federal, e também todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal”, disse, fazendo uma pausa para que os apoiadores vaiassem.
No ano passado, no ato do Sete de Setembro em Brasília, Bolsonaro subiu o tom contra o Supremo. Com discurso abertamente golpista, ameaçou o presidente do STF, Luiz Fux.
“Ou o chefe desse Poder enquadra os seus ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos. Porque nós valorizamos e reconhecemos o Poder de cada República. Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair” Jair Bolsonaro, em 07 de setembro de 2021.
Antes de desfile, citação ao golpe de 1964
Durante café da manhã no Palácio da Alvorada hoje, Bolsonaro disse que a “história pode se repetir”. O discurso foi feito pelo presidente a um grupo de apoiadores em sua residência oficial, antes que ele partisse para a cerimônia militar de comemoração do bicentenário da Independência do Brasil, na Esplanada dos Ministérios.
“Queria dizer que o Brasil já passou por momentos difíceis, mas por momentos bons, 22 [revolta tenentista], 35 [intentona comunista], 64 [golpe militar], 16 [impeachment de Dilma Rousseff (PT)], 18 [eleição presidencial] e agora, 22. A história pode repetir, o bem sempre venceu o mal. Estamos aqui porque acreditamos em nosso povo e nosso povo acredita em Deus”, disse Jair Bolsonaro.
“Estamos aqui porque acreditamos em nosso povo e nosso povo acredita em Deus. Tá aí uma certeza: que com perseverança, fazendo tudo aquilo que pudermos fazer aqui na terra, Ele decidiu que fará para nós o que for possível para a nação”, acrescentou o chefe do Executivo.
O vídeo do discurso de Bolsonaro foi compartilhado no Instagram pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho “01” do presidente, também presente no café da manhã no Alvorada.
O Brasil viveu os momentos mais duros da sua história recente na época da ditadura militar, que durou 21 anos, entre 1964 e 1985. O período foi marcado por torturas e ausência de direitos humanos, censura e ataque à imprensa, baixa representação política e sindical, precarização do trabalho, além de uma saúde pública fragilizada, corrupção e falta de transparência.
Chamada para atos
Também no Alvorada, Bolsonaro usou uma entrevista para o canal público TV Brasil para chamar a população a comparecer aos atos do 7 de Setembro.
“O povo que hoje está indo às ruas para festejar 200 anos de independência e uma eternidade de liberdade. O que está em jogo é nossa liberdade, é o nosso futuro, e a população sabe que ela que nos dá um norte para nossas decisões”, declarou.
“Todos do Brasil, compareçam às ruas de verde e amarelo para festejar a terra onde vivemos —uma terra prometida, aqui é um grande paraíso, ninguém tem o que temos”, ressaltou o presidente Jair Bolsonaro em transmissão da TV Brasil.
O uso da TV pública pelo presidente já foi contestado por parlamentares de oposição, que argumentam que ele estaria usando uma estrutura pública em benefício próprio.
A transmissão de compromissos do presidente é legítima, mas o uso eleitoral do canal poderia ser enquadrada como abuso de poder político e dos meios de comunicação social.
Da Redação, com informações do Uol Notícias
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