Roraima – Duas semanas após ter sido cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em razão de fraude à cota de gênero nas eleições de 2018, a deputada estadual Betânia Almeida usou a Tribuna para se defender e fazer um longo desabafo.
Ao iniciar o discurso, que ocorreu na manhã desta terça-feira, 18, durante a sessão Ordinária da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), a parlamentar afirmou ter sido vítima de violência política e que não teve culpa.
“Por ora, subo nessa tribuna antes de concluir um mandato concedido pelo povo de Roraima, que deveria ser finalizado no dia 31 de dezembro de 2022. Hoje, a menos de três meses para cumprir a minha missão, estou sendo removida do cargo condenada por um crime que jamais cometi”, inicia.
Em seguida, a Betânia afirmou que nas eleições de 2018 cumpriu rigorosamente todos os procedimentos necessários para ter condições de concorrer ao cargo de deputada estadual, inclusive, com o aval da Justiça Eleitoral.
“Sou filiada ao Parido Verde. Em 2018, apresentei-me como pré-candidata a deputada estadual. Em convenção partidária fui escolhida candidata cumprindo o calendário eleitoral, registrei a candidatura e apresentei toda documentação exigida. A Justiça Eleitoral aceitou o pedido e fui para rua fazer campanha”, recordou.
Betãnia afirmou que aceita ter sido derrotada nas urnas este ano, porém, critica o entendimento da Justiça Eleitoral de ter cassado o mandato dela pela cota de mulheres. Segundo a deputada, isso não é atribuição dela.
“Não ser reeleita, aceito com humildade, afinal, vivemos em uma democracia e quem decide quem fica, quem sai, é o povo. Mas questiono a lógica dessa interpretação que pune uma mulher por fraude em conta de mulheres. É sabidamente público que a responsabilidade de apresentar a lista de candidatas, respeitando a lei da gestão partidária, não era de minha responsabilidade tal atribuição, e menos ainda do meu conhecimento indício de fraude”.
Por fim, Betânia voltou a criticar a interpretação e a decisão do TSE em cassar o mandato dela. E reforçou que quem deveria ser punido no rigor da lei seria quem, de fato, cometeu a fraude.
“O resultado é que pune-se a fraude de cota de mulheres cassando uma mulher. Aí me questiono a lógica e qual deve ser minha interpretação da lei sobre cota para mulheres nas eleições. O caminho que faz sentido é punir quem fraudou e respeitar os votos de quem o obteve legitimamente. O mais importante, a vontade das pessoas que foram votar não é respeitada. Eu e essas pessoas não fraudamos nada, mas somos quem paga a conta”, disse.
Da redação O Poder
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