Roraima – A Urihi Associação Yanomami divulgou nesta semana que garimpeiros atearam fogo na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Homoxi, uma das regiões da Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
O motivo, segundo a associação, foi em retaliação à operação contra o garimpo ilegal realizada pela Polícia Federal (PF) na última semana, quando aeronaves e maquinários clandestinos usados na extração de ouro foram destruídos pelos agentes.
Após o episódio, a Associação Yanomami afirma que pretende acionar o Ministério Público Federal (MPF) para que o governo federal contenha os garimpeiros, que, estariam ameaçando tanto os povos tradicionais quanto os profissionais de saúde indígena.
Foi informado, ainda, pela associação que a UBS do Homoxi já havia sido tomada pelos garimpeiros em setembro do ano passado, paralisando os atendimentos de saúde a cerca de 700 indígenas de cinco comunidades da região. Os garimpeiros também estriam controlando a pista de pouso localizada em frente à unidade, a única disponível para os profissionais de saúde chegarem ao local.
Apoio do governo
Conforme a Urihi Associação Yanomami, a “epidemia de garimpo” na TI Yanomami é resultado da invasão de milhares de garimpeiros ao longo dos quatro anos do governo Jair Bolsonaro (PL), que defende publicamente o garimpo dentro dos territórios de povos tradicionais.
Atualmente, a TI Yanomami abriga cerca de 20 mil indígenas, enquanto o número de garimpeiros atuando ilegalmente no território passa de 30 mil. Só na região do Homoxi existem entre 5 e 7 mil garimpeiros, segundo estimativa da Uhiri.
Isolados
Para o presidente da associação, Júnior Yanomami, esse ataque dos garimpeiros à unidade de saúde do Homoxi dificulta ainda mais a retomada dos atendimentos à população Yanomami, que sofre com uma epidemia de malária, verminoses e desnutrição e com a falta generalizada de medicamentos.
“Os Yanomami já estão há dois anos sem atendimento de saúde, sem remédios, e convivendo com o medo e as ameaças. Tivemos muitos conflitos entre os indígenas e garimpeiros, que controlam quem pousa e quem decola. Eles mandam em tudo por lá”, destacou.
Segundo Júnior, a operação da Polícia Federal foi uma ação pontual, mas depois que os agentes deixaram o território, os garimpeiros retornaram e atearam fogo na unidade de saúde, impossibilitando a retomada do prédio para atendimento médico.
“Os garimpeiros ficaram com raiva e decidiram queimar a UBS, que é nosso patrimônio. Agora, mesmo que o próximo governo retire os garimpeiros, precisaremos de recurso para construir uma nova unidade de saúde. Estamos preocupados porque, depois que os agentes deixaram o território, os conflitos se acirraram, e eles estão armando todo mundo. Precisamos de apoio”, acrescenta.
Da Redação
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