Roraima – O senador Mecias de Jesus (Republicanos), alvo de várias denúncias envolvendo o Distrito Sanitário Indígena (Dsei-Yanomami), desta vez, está sendo acusado de ter exigido propina para manter contrato vigente da empresa aérea Voare, única responsável por fazer voos nas terras indígenas Yanomami.
A informação ganhou repercussão nacional nessa quarta-feira, 15, em matéria publicada pela CNN Brasil. Segundo o veículo de comunicação, a denúncia foi feita pela própria empresa, em 2019, em ofício obtido com exclusividade e que teria sido encaminhado ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro.
“Ocorre que, recentemente, o coordenador do Distrito Indígena Yanomami foi nomeado pelo senador Messias de Jesus, o que nos trouxe grande indignação, pois, de início, o senador pediu propina para nos manter no contrato. Caso contrário, seriamos substituídos”, relata trecho do ofício.
“Nosso contrato havia expirado em janeiro de 2019, estávamos trabalhando por indenização até que o contrato emergencial, em andamento no SESAI Brasília, fosse concretizado, onde a Voare sagrou-se vencedora”, complementam.
A empresa destaca ainda que o coordenador indicado pelo senador teria decidido realizar uma nova cotação de preço, restringindo a participação de empresas, exigindo que os aviões fossem “aeromédicos”, ou seja, que tivessem equipamentos para que atendimentos também pudessem ser feitos no veículo.
Eles teriam ido à justiça denunciando fraude em licitação, restrição de concorrência. A Voare teria sido desclassificada por não possuir o equipamento aeromédico, mesmo apresentando menor valor de serviço.
Ainda revelam que caso semelhante teria acontecido em 2013, também denunciando ocorrido, mas que, naquela vez, as pessoas envolvidas com o suposto esquema de corrupção foram presas.
No ofício de 2019, a companhia ressalta: “Apesar de impetrado denúncias nos diversos órgãos de controle (CGU, MPF, TCU, PF e justiça) e conversado pessoalmente com a Secretaria Nacional Silvia Waipua, não obtivemos nenhum retorno”. Assim, justificam ter tentado contato com o então presidente
Outro lado
A assessoria do senador Messias de Jesus enviou uma nota de Francisco Dias, o então coordenador do distrito Yanomami citado, que alegou que a Voare deixou de prestar serviços porque ele teria constatado diversas irregularidades, tais como aeronaves inadequadas para o serviço aeromédico.
Assim, abriram um processo de dispensa de licitação para contratação emergencial. A nota ressaltou ainda que o transporte de indígenas era feito sem macas, ao lado de balões de oxigênio. Isso estaria detalhado em uma denúncia do ex-coordenador ao Ministério Público Federal.
Dias diz ainda que prestou esclarecimentos necessários ao Ministério Público de Roraima e também entregou toda a comprovação de que os serviços prestados pela Voare eram feitos sem contrato. Por fim, pontua que a Corregedoria do Ministério da Saúde arquivou um processo aberto sobre esse caso.
Também foi enviado a Leandro Resende um vídeo de Messias de Jesus, que reforça que a empresa não tinha capacidade de prestar o serviço para o qual estava contratada.
Ele rechaça “toda e qualquer denúncia vazia, leviana e descabida, como essa fala de que ele pediu propina”. O senador também trouxe contexto político ao caso, pois, à época, ele havia sido recém-eleito, afirmando que a companhia teria ligação com partidos políticos adversários.
Messias de Jesus está à frente da comissão externa do Senado que apura a crise Yanomami em Roraima, tendo, inclusive, sobrevoado a região recentemente e conversado com o ministro da Defesa José Múcio.
Da redação
Foto: Divulgação