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Roraima – Protocolado ainda no início do mês de fevereiro deste ano pelo vereador e jornalista Bruno Perez (MDB), o pedido de impeachment do governador Antonio Denarium (PP) está ‘parado’ na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).
O Poder entrou em contato com a Casa Legislativa para questionar quando o assunto será avaliado pelos deputados estaduais e qual o rito a ser seguido, no entanto, não houve resposta até a publicação da matéria.
Conforme fontes, os deputados, a maioria da base governista, evitam até tocar no assunto, tanto nos corredores da Assembleia Legislativa, como de forma explícita ao usarem a tribuna durante os discursos.
De recesso há quase dois meses, a abertura dos trabalhos aconteceu na última quinta-feira, 23, solenidade que contou com a presença do governador Denarium. Nessa terça-feira, 28, ocorreu a primeira sessão Ordinária de 2023, ocasião em que os deputados também evitaram se posicionar sobre o pedido de impeachment do governador.
De acordo com informações apuradas, o “start” para início dos trâmites da cassação do governador ocorre após parecer favorável do Corregedor-geral, que atualmente é o deputado Renato Silva (PROS), um dos principais aliados de governador.
Cassado em pouco tempo
Diferente da morosidade com que está sendo tratado o pedido de impeachment de Antonio Denarium, no caso do ex-deputado Jalser Renier os trâmites foram concluídos em poucos meses e ele foi cassado por 18 votos favoráveis por quebra de decoro parlamentar em razão de conduta incompatível com o mandato.
À época, o pedido de cassação foi protocolado junto à ALE no mês de outubro de 2021. No mês seguinte, o então deputado e Corregedor-geral da Assembleia Legislativa Nilton Sindpol entregou ao presidente da Casa, Soldado Sampaio, o parecer favorável sobre a cassação de Renier.
Em fevereiro de 2022, após o recesso, os trâmites para cassar o mandato de Jalser seguiram de forma célere. Nesse mês, o parecer do relator e deputado Jorge Everton foi aprovado pela Comissão de Ética da Casa.
No dia 25 de fevereiro, 16 deputados subscreveram um edital de convocação de Sessão Extraordinária para ser realizada no dia 28 daquele mês, ocasião em que ocorreu a votação e o deputado teve o mandato cassado, o primeiro na história de Roraima.
Fala discriminatória
O pedido de impeachment contra o governador Denarium foi protocolado pelo vereador de Boa Vista e jornalista, Bruno Perez (MDB), tendo como base uma declaração dada pelo chefe do Executivo em que diz que os indígenas devem “ser aculturados e pararem de viver soltos como bichos”.
O vereador alega, entre outros pontos, que o governador, ao se referir aos indígenas de forma discriminatória e sem respeitar a cultura e costumes deles, cometeu crime de responsabilidade.
Em entrevista ao O Poder, Bruno disse que a situação crítica dos Yanomami só veio à tona agora, após visita do presidente Lula (PT) a Roraima, mas que Denarium já sabia da crise dos indígenas.
“É um problema antigo, que o Denarium tinha conhecimento, não pediu ajuda do ex-presidente Bolsonaro em nenhum momento. Agora, quando o presidente Lula, entre aspas, descobre tudo, ele quer ajudar o índio, quer ser bem intencionado. Foi omisso, nunca fez uma operação para conter os voos clandestinos, pistas clandestinas, aprovou leis que permitiam o garimpo. Então, os deputados precisam analisar essa omissão dele”, disse o vereador.
Da redação
Foto: Divulgação