O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira, 10, que os preços das carnes caíram 1,22% em fevereiro no Brasil. É a maior baixa desses produtos no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde novembro de 2021. Em fevereiro, a picanha foi o corte pesquisado com a maior queda (-2,63%). Em seguida, vieram fígado (-2,50%0, alcatra (-2,50%0, capa de filé (-2,37%) e costela (-2,28).
Isso significa, que a nova queda é a mais intensa em 15 meses, o equivalente a mais de um ano. Em novembro de 2021, as carnes haviam recuado 1,38%.
O gerente de pesquisas do IPCA, Pedro Kislanov, lembrou que os preços já vinham em uma trajetória de trégua após fortes altas na pandemia.
De acordo com ele, a baixa em fevereiro deste ano pode ter sido intensificada pelo impacto inicial do embargo às exportações brasileiras para a China. A suspensão teria resultado em um aumento da oferta no mercado interno.
Os embarques para o país asiático foram paralisados a partir de 23 de fevereiro. A medida veio após a confirmação de um caso de mal da vaca louca no Pará.
A variação do IPCA foi calculada a partir dos preços coletados no período de 28 de janeiro a 28 de fevereiro, segundo o IBGE. “As carnes já vinham tendo uma redução, e nesse mês foi mais pronunciada. Por isso, acho que tenha efeito da redução das exportações”, afirmou Kislanov.
A economista Luciana Rabelo, do Itaú Unibanco, faz avaliação semelhante. “Pode ter tido algum impacto [do embargo], mas é uma inflação que já vinha desacelerando”, afirmou.
O Ministério da Agricultura confirmou neste mês que o caso de vala louca no Pará foi atípico, mais comum em bovinos mais velhos e sem riscos para a cadeia produtiva e consumidores.
Picanha tem maior queda
No IPCA, a variação das carnes reflete os preços de 18 subitens. Em fevereiro, a picanha foi o corte pesquisado com a maior queda (-2,63%). Em seguida, vieram fígado (-2,50%0, alcatra (-2,50%0, capa de filé (-2,37%) e costela (-2,28).
A picanha ocupou o centro de debates a partir da campanha eleitoral do ano passado. À época, o então candidato a presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a dizer que o brasileiro deveria voltar a fazer churrasco e consumir picanha, que tradicionalmente é um dos cortes mais caros.
A queda de 2,63% é a maior para a picanha desde fevereiro de 2022. À época, os preços do produto haviam recuado 3,75%.
No acumulado de 12 meses, as carnes passaram de uma inflação (alta) de 0,04% em janeiro deste ano para uma deflação (queda) de 1,63%.
O IBGE destacou ainda que esses produtos contribuíram para a desaceleração do grupo alimentação e bebidas no IPCA.
De janeiro para fevereiro, a inflação do segmento passou de 0,59% para 0,16%. Em 12 meses, a alta de alimentação e bebidas saiu de 11,07% para 9,84%.
O IPCA é o índice oficial de inflação do país. Em termos gerais, acelerou para 0,84% em fevereiro com a pressão dos reajustes de educação no começo do ano letivo. A alta do IPCA havia sido de 0,53% em janeiro.
Da Redação, com informações Folha de São Paulo
Ilustração: Neto Ribeiro