Roraima – Após fazer graves denúncias sobre uma série de irregularidades no seletivo de contratação de instrutor e professor civil para ministrar aulas no Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar de Roraima (PMRR), a professora Carla Domingues, especialista em Segurança Pública, afirma estar sofrendo retaliação.
Em uma das irregularidades apontadas por ela no Ministério Público de Roraima (MPRR), cita o ex-comandante geral da PMRR, Francisco Xavier, acusado de participar diretamente da elaboração do edital, concorrer ao certame e passar em primeiro lugar.
Francisco Xavier é aliado do governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), e do presidente da Assembleia Legislativa, Soldado Sampaio (Republicanos).
Segundo Carla, que é uma das concorrentes do certame, o coronel, ao tomar conhecimento sobre as denúncias, entrou na Justiça pedindo R$ 20 mil de indenização.
“Entrei com pedido de anulação do certame. Mas ele [coronel Francisco Xavier] diz que não há irregularidades e mandou me citar criminalmente e cível, pedindo indenização. Isso é retaliação! É culpa do Ministério Público que se calou desde o início. Tem que ser anulado esse certame porque está todo viciado”, destacou a professora.
Ela ressaltou, ainda, que o ex-comandante geral da PMRR não era para se envolver de nenhuma forma no processo seletivo, no entanto, teve grande influência e participação direta no certame.
“Isso é uma vergonha para Roraima. Ele quem tem de indenizar o Estado, que tem de ser responsabilizado pela falha e erro administrativo dele. Não era para participar do certame em hora nenhuma. A base do edital 102 foi elaborada na gestão dele”, sustentou.
A professora disse se sentir coagida a se calar diante da falha administrativa denunciada por ela. Carla reforça que, como cidadã, foi apenas atrás dos seus direitos.
“Para mim fica claro que ‘aos amigos do rei as benesses da lei. Aos inimigos, os rigores da lei’. Não tenho padrinho político e estou contestando a forma em que o edital foi elaborado com base nos Princípios da Administração Pública. Citar a inobservância do rito administrativo pelo gestor público não caberia perseguição, mas correção ao erro para evitar danos ao erário”, explicou.
Denúncia
Carla esclareceu que, inicialmente, era prevista a participação de apenas Policiais Militares da ativa. No entanto, após pedido de impugnação foi aditado o edital para Professor Civil formado em Direito, desta forma, beneficiando diretamente outros militares.
“Como candidata sinto que meus direitos como cidadã foram violados pela inobservância dos princípios da administração pública. Como pode um gestor e equipe elaborar um edital e inscreverem-se? É a certeza da impunidade e de que em Roraima tudo é possível quando se é afilhado político. Muitos teriam medo de denunciar tamanha aberração, mas eu como cidadã não tenho medo porque as pessoas honestas não podem amedrontar-se e subjugar-se ao sistema”, desabafou.
A reportagem tenta contato com o coronel Francisco Xavier para posicionamento sobre o caso.
Da redação
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