Roraima – Convocado pela Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) após o deputado Jorge Everton (UB) denunciar que o aparato policial do Estado estava sendo usado para intimida-lo após sua candidatura à vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o secretário de Segurança Pública, André Fernandes, ‘desviou’ e pediu aos deputados que informações sigilosas do setor fossem repassadas de forma privada.
Segundo Jorge Everton, membros da Sesp acompanharam, de maneira inédita e atípica, a realização da final da ‘Copa Jorge Everton de Vicinais’, organizada anualmente pelo parlamentar na vicinal 11, km 4, em Rorainópolis, além de outras situações correlatas. Os eventos foram relatados na Representação que o parlamentar apresentou ao Poder Legislativo. Ele se sentou intimidado.
Jorge Everton explica que, no dia 28 de abril, participou de uma reunião do Parlamento Amazônico, no Pará, com a presença do governador Denarium. Ele garante que viu o chefe do Departamento de Inteligência de Segurança Pública no mesmo voo que ele.
Sobre a denúncia, André Fernandes solicitou que, pela natureza das ações de polícia e a ausência na sessão do chefe do Setor de Inteligência da Sesp, Miroslav Neves dos Santos, informações sigilosas do setor fossem repassadas de forma privada. Santos não foi ao Plenário da ALE-RR por participar de uma audiência no TRE-RR.
“Estava viajando. Somente ontem [terça-feira, 2], tomei posse da cadeira de secretário. Durante o fim de semana, fui comunicado da situação pelo próprio Jorge Everton. Quando retornei, chamei Ellan e Miro para que explicassem essa situação”, ressaltou o secretário.
O secretário-adjunto Ellan de Souza confirmou que, no fim de semana, uma equipe da Inteligência se deslocou a serviço para o município de Rorainópolis para atender uma demanda do setor, bem como compareceu ao evento de Jorge Everton e interagiu com o grupo do parlamentar.
“Eles me disseram que houve um contato inicial amigável. Depois disso, a equipe do deputado ficou monitorando e um fotógrafo tirou foto deles. O agente disse que quando percebeu isso, também passou a filmar, inclusive, quando o deputado subiu ao palanque, pois também se sentiram intimidados. Eles me relataram que a equipe disse não ter havido nenhum acompanhamento político do evento. Fomos surpreendidos com essas acusações públicas do deputado Jorge Everton.”
Entretanto, de acordo com ele, a animosidade momentânea do cenário político “pode ter levado a esse grande equívoco”. “Mas vamos investigar para resolver essa situação”, acrescentou.
Jorge Everton apresentou fotos, fez questionamentos e cobrou o prosseguimento da apuração. “Por que foram com carro particular, se eles estavam em missão? É muita coincidência pelo contexto que estamos vivendo, não faz sentido investigar um evento público. Esse tipo de intimidação política não pode acontecer. Primeiro, exoneração do meu pessoal. Em seguida, uma equipe da Inteligência filmando. Que se dê continuidade aos atos de investigação, pois a polícia não pode ser usada como instrumento de perseguição”, desabafou.
Providências
O presidente da Assembleia Legislativa, Soldado Sampaio (Republicanos), encerrou a convocação pedindo o imediato acesso aos documentos sigilosos da operação em Rorainópolis, assim como anunciou que oficiará as corregedorias das respectivas polícias envolvidas na ação, para que sejam tomadas as devidas providências.
Sampaio, aliado do governador, também pediu lisura no processo de escolha do conselheiro do TCE. “Essa Mesa não vai permitir o uso da estrutura desse Poder para beneficiar ou prejudicar qualquer candidato. Todos estão disputando de igual para igual, que cada um use seus argumentos de conquista, seja da sociedade civil, do governo. Não será aceito o uso da máquina pública como instrumento intimidatório na disputa do processo eleitoral do TCE”, concluiu Sampaio.
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