O resultado do PIB no segundo trimestre surpreendeu positivamente os agentes do mercado por indicar um crescimento econômico mais robusto que o projetado para o Brasil, conforme afirmaram analistas à CNN.
“O resultado desenha um quadro de economia resiliente e com solidez”, afirmou Rodolfo Margato, economista da XP. Para o especialista, as projeções do mercado devem caminhar para algo mais próximo a 3% em 2023, em relação a 2022.
A economia brasileira cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023, em comparação com o trimestre anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao mesmo período do ano anterior, a economia brasileira cresceu 3,4%.
O resultado indicou uma desaceleração na economia, após um crescimento de 1,8% no primeiro trimestre [dado revisto pelo IBGE, que era de 1,9%], mas ainda veio acima do esperado pelo consenso Refinitiv, que tinha uma expectativa de crescimento da economia era de 0,3% na base trimestral, e de 2,7% na comparação anual.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital, ressalta que o resultado foi uma surpresa positiva para o mercado, mas não apenas pelo resultado acima do esperado.
Ela explica que o cenário do resultado do primeiro trimestre mostrava uma supersafra no setor agrícola, enquanto a demanda doméstica respondia ao aperto da política monetária, com um consumo mais reprimido.
“Agora, a fotografia é outra, houve um crescimento surpreendente que mostrou a demanda doméstica reacelerando. Enquanto a surpresa positiva não foi por conta apenas de um setor, mas todos os setores apresentaram melhora”, avalia.
O setor industrial cresceu 0,9% no trimestre e 1,5% no ano; o setor de serviços subiu 0,6% no trimestre e 2,3% no ano. Enquanto a agropecuária foi o único dos três grandes setores da economia a recuar no trimestre (-0,9%), mas ainda registrou um crescimento de 17% na comparação anual.
“O segundo trimestre mostra um resultado nos outros setores, mostra um crescimento da economia mais robusto”, pontua.
Para Tatiana Pinheiro, não cabe uma aceleração do ritmo do corte de juros após o dado positivo do PIB.
“Com uma economia bastante forte com inflação bem-comportada, a política monetária deve continuar com a perspectiva que o Banco Central deu na última reunião, de um ritmo de afrouxamento da política monetária em 0,5 ponto percentual”, pontua.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, concorda que a atividade econômica ainda foi muito robusta no período, “ainda que tenha mostrado uma desaceleração frente ao trimestre anterior”.
O especialista ressalta que, por mais que o agro tenha caído na comparação trimestral, o resultado veio positivo frente a uma expectativa mais negativa em relação à volatilidade dos preços das commodities. Além disso, houve um crescimento na comparação anual.
Além disso, ele pontua que não se pode excluir a preocupação de que há uma tendência de que o PIB siga desacelerando nos próximos meses, o que pode afetar a arrecadação.
“Entramos nesse terceiro trimestre com uma perspectiva pessimista por conta dessas questões fiscais, mas se tivermos uma melhora nos dados de PIB, podemos ter uma resiliência maior para aguentar o tranco na transição para a nova regra fiscal”, avalia.
Cristina Helena de Mello, professora de economia da ESPM, concorda que o resultado mostrou um crescimento expressivo, considerando as expectativas.
Mas o que preocupa a especialista é o desempenho da indústria de máquinas e equipamentos, que é o principal motor de crescimento, “aquele que de fato traz crescimento estável”, diz Mello.
“A gente não vê essa mudança. Isso significa que as expectativas de compra de mais máquinas e equipamentos com a expansão da capacidade produtiva não aconteceu”, pontua.
Com informações da CNN Brasil
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