O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (19), na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, que “o mundo está cada vez mais desigual”.
Lula abriu seu discurso na assembleia tratando da fome – e citou que 735 milhões de pessoas em todo o mundo vão dormir “sem saber se terão o que comer amanhã”.
“Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade, reafirmando o que disse em 2003. Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática. Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres. A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã”, declarou.
Tradicionalmente, o Brasil é o primeiro país a discursar na fase de debates. Antes, falaram o secretário-geral da ONU, António Guterres; e o presidente da Assembleia Geral, o diplomata Dennis Francis, de Trinidad e Tobago.
O tema da desigualdade foi a tônica do discurso – e Lula voltou a usar o termo ao citar assuntos como a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável.
“No Brasil, estamos comprometidos a implementar todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de maneira integrada e indivisível. Queremos alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de um 18º objetivo, que adotaremos voluntariamente”, declarou, sob aplausos.
O presidente brasileiro também citou programas de combate à desigualdade como o Brasil sem Fome e o Bolsa Família, e a lei aprovada este ano que obriga empresas a pagar salários iguais para homens e mulheres na mesma função.
E incluiu, ainda no tema de desigualdade, a pauta das mudanças climáticas – que vem sido defendida por Lula e pelo governo brasileiro nos fóruns internacionais desde janeiro, marcando posição em oposição ao governo Jair Bolsonaro (2019-2022).
“Agir contra a mudança do clima implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas. Os países ricos cresceram baseados em um modelo com alta taxa de emissão de gases danosos ao clima. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implantação do que já foi acordado”, disse.
“Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo”, prosseguiu, novamente marcando uma distinção entre países ricos e o chamado “Sul Global”.
Com informações do G1
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