julho 26, 2024 23:51

Acabou a paciência de Lula com Maduro

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O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou na tarde desta terça-feira (26) uma nota dizendo que “o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral” da Venezuela. O país vizinho caminha para uma eleição presidencial sob o controle do regime, liderado por Nicolás Maduro, que, impedindo opositores de concorrerem, deve se reeleger para um terceiro mandato e chegar a 18 anos no poder.

O Itamaraty divulgou o comunicado após a autoridade eleitoral venezuelana, controlada por Maduro, vetar a candidatura da coalizão opositora, liderada por María Corina Machado, favorita nas pesquisas. “Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitária, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial”, destacou o Itamaraty na nota.

O período de inscrição das candidaturas terminou às 23h59 desta segunda-feira (25). As inscrições deveriam ser feitas em uma plataforma na web. Depois de ter o nome rejeitado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), María Machado lançou, de última hora Corina Yoris, uma professora universitária de 80 anos, como sua representante nas urnas. Mas um bloqueio na plataforma do CNE impediu Yoris de se registrar na coalizão da oposição Plataforma Unitária Democrática (PUD).

“O que alertamos por muitos meses acabou acontecendo: o regime escolheu seus candidatos”, disse María Machado em uma entrevista coletiva, na qual insistiu que sua “candidata é Corina Yoris”.

O Brasil se junta à Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai que já haviam expressado em um comunicado conjunto “preocupação com o impedimento do registro” de candidaturas da oposição.

É a primeira vez desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o governo brasileiro critica publicamente o regime da Venezuela. No ano passado, Maduro e a oposição assinaram um acordo, com apoio do Brasil, dos Estados Unidos e da União Europeia, que previa eleições livres e justas na Venezuela.

Em troca do cumprimento do chamado Acordo de Barbados, líderes dos EUA e da Europa passaram a trabalhar com a possibilidade do fim dos embargos econômicos à Venezuela. Na nota desta terça-feira, o Itamaraty a posição brasileira de considerar ilegais as sanções econômicas aplicadas pelos EUA à Venezuela. “O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo”.

Maduro confirma inscrição em meio a claque

Já Maduro formalizou na segunda-feira sua candidatura à reeleição. As eleições serão marcadas para 28 de julho, quando Maduro buscará o terceiro mandato, que pode levá-lo a 18 anos no poder. Maduro chegou à sede do CNE nesta segunda-feira acompanhado de milhares de militantes convocados pelo governista Partido Socialista da Venezuela (PSUV). Ele fez um discurso para a multidão.

A data de votação coincide com o 70° ano de nascimento de Hugo Chávez, o padrinho político de Maduro e pai do regime que sufocou a democracia na Venezuela, com prisões e até execuções de opositores, além de censura à imprensa e controle dos poderes judiciário e legislativo.

Correntes de oposição conseguem inscrever 11 candidatos

Onze candidatos ligados a correntes de oposição conseguiram fazer o registro. O partido Um Novo Tempo (UNT), por exemplo, registrou o nome de Manuel Rosales como candidato para as eleições presidenciais, confirmou o presidente do CNE, Elvis Amoroso.

Rosales, que tem 71 anos, é um antigo rival de Hugo Chávez. Ele é governador de Zulia, um estado de grande produção de petróleo na fronteira oeste com a Colômbia. Enfrentou Chávez nas eleições presidenciais de 2006, quando o líder socialista estava no auge da sua popularidade.

Outro que conseguiu se inscrever para concorrer em 28 de julho é o ex-reitor eleitoral e ex-parlamentar Enrique Márquez. Ele apresentou sua candidatura como “independente”.

Veja abaixo a íntegra da nota do Itamaraty:

“Esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas, na noite de ontem, 25/3, o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país.

Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial.

Onze candidatos ligados a correntes de oposição lograram o registro. Entre eles, inclui-se o atual governador de Zulia, também integrante da Plataforma Unitaria.

O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil.

O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo.”

 

 

Com informações de O Tempo 

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