As movimentações para o processo eleitoral de 2026 já estão a todo vapor em todas as esferas. Apesar de só ter passado um ano das últimas eleições, vários vereadores de Manaus começaram a se articular nos bastidores para disputar vagas na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e na Câmara dos Deputados.
O primeiro a anunciar publicamente sua pretensão foi o presidente da Câmara Municipal de Manaus, David Reis (Avante), que se declarou pré-candidato a deputado estadual.
“Acima da vontade individual, daquilo que a gente sonha, eu integro um grupo político, e como tal, temos que respeitar o que for definido nas conversas e articulações. Mas, se a eleição fosse hoje, eu posso assegurar que serei pré-candidato a deputado estadual”, afirmou.
Mais votados já se articulam
O vereador mais votado nas eleições de 2020, Sargento Salazar (PL), com 22.794 votos, também é citado como nome forte na disputa de 2026. Fontes indicam que ele mira uma vaga na Câmara dos Deputados. Uma pesquisa interna realizada no primeiro semestre o coloca entre os três primeiros na intenção de votos para o cargo federal.
O segundo colocado no pleito municipal, José Ricardo (PT), confirmou em entrevista que irá disputar as eleições, mas a definição sobre o cargo será feita em conjunto com o partido.
Já a terceira vereadora mais votada, Thaysa Lippy (PRD), pode mirar uma vaga na Assembleia Legislativa. Nos bastidores, há quem diga que o pai dela, o deputado estadual Felipe Souza, pode tentar a sorte em Brasília e Thaysa ocuparia sua cadeira na Aleam.
Outros nomes no tabuleiro
Outro nome forte da chamada “bancada da bala”, Capitão Carpê (PL), também articula sua candidatura a deputado estadual. Já o Coronel Rosses, irmão do deputado Delegado Péricles (PL), pode entrar na disputa, mas há incerteza sobre quem dos dois irá para estadual ou federal. A estratégia, segundo fontes, será evitar confronto direto entre os irmãos nas urnas.
Mais vagas em jogo?
A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) determina a ampliação do número de vagas na Câmara dos Deputados e, consequentemente, nas assembleias legislativas estaduais. Para o Amazonas, isso pode significar até 10 cadeiras na Câmara Federal e 30 na Aleam respeitando a regra constitucional de que a assembleia deve ter o triplo da representação federal, com limite de até 36 parlamentares estaduais.
Apesar disso, o cenário ainda é nebuloso. A Câmara dos Deputados não definiu como irá cumprir a determinação judicial. Uma tentativa de ampliar as vagas por decreto legislativo foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Corrida acirrada
Independentemente da definição sobre o número de cadeiras, a corrida eleitoral já começou. Ex-prefeitos sonham com retorno à vida pública, enquanto vereadores em ascensão e deputados estaduais lutam por espaço na disputa. Dos atuais 24 deputados estaduais, muitos tentarão a reeleição, enquanto outros, como o presidente da Aleam, Roberto Cidade (UB), já miram voos mais altos.
Mais do mesmo
Para o cientista político Helso Ribeiro, esse movimento de vereadores buscando ascensão para cargos mais altos nas próximas eleições é parte de uma dinâmica comum na política brasileira. Ele aponta que, embora não exista uma hierarquia formal entre os cargos eletivos, muitos parlamentares utilizam a visibilidade obtida na Câmara Municipal como trampolim para novos cargos eleitorais.
“É uma espécie de mazela que toca não só a CMM, mas a política brasileira. Muitos aproveitam o recall que é algo que existe, eles vieram numa eleição, o nome deles está sendo lembrado, eles trabalharam algum nicho eleitoral e acabam sendo candidatos a deputado estadual, federal, senador. Isso não é estranho nas quase 6 mil câmaras que temos no Brasil, estamos acostumados com isso”, destacou.
Contudo, ele critica ao silêncio dos parlamentares que miram novos cargos, uma omissão estratégica.
“Quando um vereador é candidato, eles não vão falar isso: ‘eleitor, daqui a 2 anos eu caio fora da Câmara para ir para outro lugar’, eles omitem e na hora que se candidata, eles afirmam que foi um clamor do eleitor”, pontua o cientista político.
Thaise Rocha, para o Portal O Poder
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