A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT), em Manaus, na última terça-feira, 9, foi muito além de uma simples agenda administrativa. Em uma capital que deu a Jair Bolsonaro 61,28% dos votos no segundo turno de 2022, a visita do petista foi também um gesto político calculado: mostrar que ainda há espaço para seu governo dialogar e marcar posição em território adversário.
A data escolhida reforçou o simbolismo. Enquanto o Supremo Tribunal Federal retomava o julgamento de Bolsonaro e aliados, com o voto do relator Alexandre de Moraes, Lula inaugurava o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), além de cumprir outros compromissos oficiais. O recado, nas entrelinhas, foi claro: a disputa política e simbólica também existe no coração de uma cidade onde o bolsonarismo mantém força consolidada.
No Amazonas, o cenário eleitoral é dividido. Enquanto o interior garantiu a Lula vitórias em boa parte dos municípios, Manaus se consolidou como reduto bolsonarista. Ao escolher a capital para sua agenda de segurança com integração internacional, o presidente não apenas ocupou espaço institucional, mas também testou sua capacidade de enfrentar o contraponto político que a cidade representa.
A ofensiva do governo no estado tem sido gradual. Em agosto, quem abriu caminho foi a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, em visita oficial para participar do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável.. Agora, Lula assume o protagonismo, com promessa de retorno já para outubro, quando deve inaugurar uma das pontes em construção pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O movimento sinaliza que o petista não pretende ceder terreno no Amazonas — e que a disputa com o bolsonarismo não se restringe a Brasília, mas passa, de forma estratégica, por Manaus.
Da Redação




