maio 17, 2025 19:19

Siderúrgicas querem taxação do governo Lula contra aço chinês

O setor siderúrgico brasileiro quer que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva amplie as taxas contra o aço chinês, acusando Pequim de praticar preços desleais e abalar a indústria nacional. Esse argumento é o mesmo usado pelo governo de Donald Trump, que aplicou uma elevação tarifária contra o aço chinês, citando ainda uma questão de “segurança nacional”.

Nesta semana, Lula assinou acordos estratégicos com a China, em sua segunda viagem ao país asiático em dois anos. A sinalização do país é de que, diante das barreiras americanas, a estratégia passa pelo fortalecimento das relações com Pequim.

Mas nem toda a relação com a China passa por um processo de aproximação. Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, explicou a reportagem que o setor vem tentando convencer o governo a agir contra as importações chinesas.

Em meados de 2024, o Brasil adotou medidas para conter a entrada do aço chinês. A regra estabelecia uma cota. Acima de um volume determinado, o produto chinês pagaria 25% de impostos. A esperança era de que, com isso, uma contenção ocorresse em relação aos produtos da China.

Mas o setor nacional alerta que a estratégia não funcionou. Dados obtidos pelo UOL apontam que, apenas nos três primeiros meses de 2025, o Brasil comprou 1 milhão de toneladas de aço chinês, 42% acima do mesmo período em 2024.

“Não foi uma medida efetiva”, lamenta o CEO da Gerdau. “Nosso debate atualmente com o governo federal é que, vencido os doze meses do mecanismo, que ele seja fortalecido a partir de junho”, explicou.

Segundo ele, o governo tem mantido uma “escuta muito ativa” e está aberto ao debate. Em Brasília, porém, o que os técnicos avaliam é como renovar a defesa comercial, sem violar regras internacionais e que estejam alinhados com os acordos bilaterais.

“Vemos aço penetrando no Brasil com um preço menor que as empresas chinesas pagam no minério de ferro que a China compra do Brasil”, alerta Werneck.

“Nessa busca por manutenção de emprego e renda na China, o governo tem colocado muito dinheiro público ou subsídio para poder manter as empresas operando e exportando”, afirmou. “Isso é o que está prejudicando o Brasil”, insistiu.

O empresário, porém, rejeita que o que pede é uma ação protecionista. “Nunca falamos de proteção. Queremos defesa, que visa colocar condições isonômicas de competição”, disse.

“Como somos muito competitivos, queremos entrar num cenário de competição de igual para igual, com as mesmas ferramentas. Essa é a nossa questão com o governo federal, queremos que sejam fortalecidos os mecanismos de defesa para que a competição fique justa”, afirmou.

“A grande questão hoje da China é quando ela passa a competir sem seguir as normas da OMC. Para nós, defendemos construir relações comerciais com a China, desde que as condições de competição sejam isonômicas”, afirmou o CEO da Gerdau. Para ele, o setor está “confiante” de que o governo “vai defender a indústria nacional”.

Disputa domina agenda da OMC

Na OMC, relatos feitos ao UOL apontam que o tema da exportação de aço chinês ao mundo vem dominando a agenda das reuniões. Num encontro no dia 29 de abril, em Genebra, a delegação do Itamaraty enfatizou a necessidade de um diálogo multilateral e transparente para lidar com o excesso de capacidade da China. Mas alertou que medidas unilaterais pioram as distorções comerciais.

Ao tomar a palavra e depois de ser também atacada pelo governo dos EUA, a China afirmou que não há uma definição ou metodologia acordada para determinar o excesso de capacidade, chamando-o de uma “falsa narrativa”.

A China afirmou que suas exportações em larga escala refletem a vantagem competitiva e se alinham às práticas comerciais globais observadas em outros países, como os EUA e o Japão.

Ela deu como exemplo o fato de os EUA exportarem grandes quantidades de semicondutores, especialmente chips de ponta. Em 2021, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA, os americanos exportaram mais da metade de seus grãos, sementes oleaginosas e produtos de carne. O Japão produziu 8,57 milhões de veículos em 2023 e exportou 4,17 milhões de veículos, representando quase 50% de sua produção.

A China ainda argumentou que o excesso de capacidade industrial está sendo politizado e mal utilizado como pretexto para ações protecionistas destinadas a conter seu crescimento.

Para ela, sua competitividade vem de setores de energia e tecnologia, atribuindo seu sucesso à inovação e às forças do mercado, e não aos subsídios. A China insistiu que suas políticas comerciais e de subsídios estão alinhadas com as regras da OMC.

Pequim alertou que, no lugar de falar de excesso de capacidade, a OMC deveria se concentrar no uso de “tarifas recíprocas” pelos Estados Unidos, o que viola os princípios da OMC.

Tarifas de Trump favoreceram vendas da Gerdau nos EUA

A Gerdau, que produz aço nos EUA há mais de 30 anos e há 25 anos está listada na Bolsa de Valores de Nova York, tem uma visão diferente sobre as taxas de Trump. “Defendemos que possamos continuar a ver os EUA como um dos principais parceiros comerciais”, disse o CEO da empresa. “Falamos muito de uma polarização política. Mas a polarização econômica não faz sentido”, alertou.

Segundo ele, não existe um problema em estabelecer relações comerciais fortes com outros países. “Mas não desprezar a relação com os EUA. Defendemos muito isso”, afirmou o empresário, que destina seus produtos acima de tudo para obras de infraestrutura. “Nesse segmento nos EUA, temos uma participação de mais de 30%”, afirmou.

Werneck diz que as atuais tarifas impostas por Trump contra o aço de todo o mundo foram positivas para sua empresa. “Ao longo dos anos, estamos produzindo cada vez mais aço nos EUA”, disse.

Existe um debate sobre incrementar a produção nacional. Portanto, para nós, isso tende a ser positivo”, explicou. “Neste momento, vemos mais clientes comprando nosso aço nos EUA, uma isonomia competitiva”, afirmou.

“Por sermos muito competitivos nos EUA, isso nos ajudou a crescer”, explicou.

Com informações do UOL

Foto: Divulgação 

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