O Amazonas pode perder 10 mil empregos no Polo Industrial de Manaus (PIM) caso a empresa Apple cumpra o anúncio, divulgado recentemente, de que vai vender a partir de agora o aparelho celular sem os acessórios (carregador, fone de ouvido e cabo USB), a partir do lançamento do iPhone 12. O alerta foi feito pelo deputado Serafim Corrêa (PSB) nesta terça-feira, 10, durante a sessão híbrida da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam).
O parlamentar afirmou, durante o seu pronunciamento, que o governo brasileiro tem que se posicionar contra essa medida. Ele citou que o deputado federal Marcelo Ramos (PL) também vem chamando atenção na Câmara dos Deputados sobre o tema.
“A decisão da Apple nos Estados Unidos de vender o celular sem os acessórios que o acompanha vai significar que nós vamos perder 10 mil empregos no Polo Industrial de Manaus, porque aqui que se fabrica o carregador, o cabo e o fone de ouvido”, alertou.
Na avaliação do deputado, a decisão da multinacional, em vender separadamente o celular e os acessórios, também vai prejudicar a situação dos consumidores que vai gastar mais na compra destes itens.
“Quero, portanto, somar a minha voz a voz do deputado Marcelo Ramos, no sentido de que o governo brasileiro não permita que isso seja adotado no Brasil. Espero que Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) não admita isso, porque vai ser a quebradeira de várias empresas que empregam 10 mil brasileiros no meio da floresta amazônica com tecnologia de ponta. Faço voto que seja possível reverter”, concluiu.
‘Preocupante’, diz Fieam
A reportagem repercutiu a informação com a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) e, segundo o vice-presidente da entidade, Nelson Azevedo, a medida da Apple é preocupante.
Azevedo afirmou que recentemente a empresa iniciou a venda de celular sem o carregador, acessório indispensável a usabilidade do produto e que segundo o site Olhar Digital, a Secretaria Nacional do Consumidor notificará empresas de tecnologia sobre a venda de produtos sem o carregador na caixa. O órgão ligado ao Ministério da Justiça questiona se a venda de celulares sem o acessório viola os direitos do consumidor. Deverão dar explicações empresas como Apple, Samsung, Motorola, Xiaomi, LG e Asus.
“Se violar os direitos do consumidor, as empresas terão que rever sua decisão, mas caso não viole, será uma perda significativa para as indústrias desse segmento no Polo Industrial de Manaus. Segundo algumas fontes, pode gerar uma perda de aproximadamente 10 mil postos de trabalho na Zona Franca de Manaus”, avaliou.
Outra questão citada pelo vice-presidente da Fieam é que uma vez que o acessório é indispensável ao uso do produto, o consumidor terá que adquirir por conta própria e fatalmente, irá comprar de marcas mais baratas, fabricados nos países asiáticos, com qualidade duvidosa e colocando em risco a integridade física dos consumidores.
De acordo com Nelson Azevedo, a decisão das montadoras de celular prejudica, tanto a Zona Franca de Manaus quanto o consumidor, que estará desamparado.
“Nós estamos estudando o assunto para verificar se juridicamente é possível essa prática, diante do Código de Defesa do Consumidor. Mas de antemão, lamentamos a decisão das empresas montadoras de celular que poderão frustrar seus consumidores, aumentando as reclamações na assistência técnica pelo mau funcionamento do celular, devido ao uso de um acessório não certificado”, concluiu.
Augusto Costa para O Poder
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