novembro 21, 2025 11:28

Quem é Jorge Messias, indicado ao STF

O advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 20, tem uma sólida carreira na administração pública e um histórico de fidelidade ao PT, além de ser considerado um “evangélico progressista” — membro da Igreja Batista.

Jurista experiente, o pernambucano do Recife tem formação técnica e vivência na administração pública de alto nível. Antes de assumir a AGU, atuou como consultor jurídico no Senado e foi assessor jurídico da Presidência da República. Também passou pelos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação e foi procurador do Banco Central. É procurador da Fazenda Nacional desde 2007.

Graduado em direito pela Faculdade de Direito do Recife (UFPE), é doutor pela Universidade de Brasília (UnB). Ele defendeu a tese “O Centro de Governo e a AGU: estratégias de desenvolvimento do Brasil na sociedade de risco global”, na qual fala do período do Mensalão e da Lava-Jato. No trabalho, cita o “conservadorismo e autoritarismo do STF”, que teria atuado “de maneira partidarizada em detrimento de interesses do PT”. Também classifica o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff como “golpe” e “dolorosa derrota” do petismo.

É pessoa da extrema confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, por ser evangélico, tornou-se uma aposta do petista para quebrar a resistência com esse grupo, com vistas às eleições de 2026.

Se aprovado na sabatina do Senado, Messias, 45 anos, pode permanecer no STF por até três décadas. Segundo o regimento interno da Corte, os ministros são obrigados a se aposentar ao completarem 75 anos.

Mudança de foco na nomeação

O advogado constitucionalista Leonardo Morais Pinheiro aponta que as novas escolhas do terceiro governo Lula têm se baseado na lealdade para evitar arrependimentos. Neste mandato, o chefe do Executivo escolheu para a Corte os ministros Cristiano Zanin, advogado dele na Lava-Jato, e Flávio Dino, seu ex-ministro da Justiça.

“Tudo indica que Lula mudou de foco nas indicações ao STF: antes era mais suscetível a pressões políticas de grupos de interesses. Hoje, ele foca muito mais em uma composição de conhecimento técnico, habilidade política, compromisso democrático e, logicamente, fidelidade a um campo político”, ressalta.

Para Pinheiro, Messias tem um perfil único. “Se fosse rotulá-lo, diria que seria um evangélico de esquerda, ou um social-democrata assumidamente religioso. Nesse aspecto, se parece com o ministro Flávio Dino. É nordestino, e não vem de família tradicional.”

O cientista político André César ressalta que o presidente está se cercando de pessoas de sua extrema confiança. “Lula se sentiu traído em alguns momentos. Talvez, o ponto mais grave tenha sido quando ele estava preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba, e o ministro Toffoli não autorizou que comparecesse ao velório do irmão, o Vavá”, diz.

Tentativa de aproximação com os evangélicos

O advogado Cláudio Pereira de Souza Neto avalia que, apesar da pressão para que o presidente escolhesse uma mulher, o AGU também representa uma parcela importante da população. “É nordestino e é evangélico. Então, também tem essa dimensão de representar uma parcela significativa da sociedade brasileira”, observa.

Desde a campanha de 2022, Lula tenta reduzir a distância para os evangélicos, majoritariamente ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. À época do pleito, ele lançou a Carta Compromisso com os Evangélicos, prometendo respeito à liberdade religiosa e posicionando-se contra o aborto.

 

Da Redação com informações de Correio Braziliense 

Foto: Divulgação

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