novembro 14, 2024 23:11

PF encontra contradição em depoimento de presos por suspeita de compra de votos em favor de Nicolau

A Superintendência Regional da Polícia Federal no Amazonas (PF-AM) encontrou contradições nos depoimentos dos presos por suspeita de compra de votos em favor da candidatura de Ricardo Nicolau (PSD) à Prefeitura de Manaus. Quatro pessoas ligadas à campanha de Nicolau, sendo dois marqueteiros da campanha, foram presas após denúncia de pagamento no valor de R$ 80 para terceiros. Um dos presos é assessor lotado no gabinete do deputado federal Sidney Leite (PSD). (Leia o documento na íntegra no final da matéria).

As prisões foram efetuadas na noite da terça-feira, 10, e entre os presos estão Rodolfo Vieira de Melo da Costa Pinto, secretário parlamentar de Sidney Leite, lotado no gabinete do deputado com remuneração de R$ 4,8 mil. (Veja aqui).

Mesmo lotado no gabinete do deputado federal, Rodolfo estaria em Manaus atuando no ramo de pesquisa eleitoral em favor da campanha de Nicolau.

Também foram presos Maria dos Prazeres Maia dos Santos, Márcia da Cruz Gordinho e Victor Ramos de Carvalho. Na mochila de Victor a Polícia Federal encontrou uma substância vegetal seca com odor característico ao entorpecente tipo maconha.

A prisão dos suspeitos aconteceu após a PF receber a denúncia de compra de votos nas dependências do Edifício Atrium, Bairro Aleixo, Zona Sul de Manaus. Ao chegar no local, os agentes encontraram pessoas na recepção que confirmaram que haviam recebido uma quantia de R$ 80 após participarem de uma reunião/pesquisa.

Os agentes então se deslocaram até a sala onde teria ocorrido a reunião, lá encontraram Márcia, Rodolfo, Maria e Victor, que após questionamentos, responderam no primeiro momento que estavam realizando uma pesquisa eleitoral, tendo confirmado, ainda, que haviam entregues lanches e um envelope com uma quantia em dinheiro como “agradecimento” pelas pessoas terem participado da reunião.

Os agentes da PF informaram que chegaram a questionar se as pessoas que ali estavam, promoviam trabalho para algum candidato a cargo político, de pronto, os suspeitos responderam que não. Então, os agentes iniciaram uma vistoria da sala, e lá encontraram planilhas com relação de nomes, documentos, talonários de nota, sem data e com descrição de baixo valor, além de uma caderneta com rascunhos relativos à campanha de Ricardo Nicolau.

Novamente ao questionar se trabalhavam em favor da campanha de Ricardo Nicolau, os suspeitos afirmaram que sim, que a reunião estava sendo realizada em favor do candidato.

De acordo com o documento da PF, em um certo momento, a suspeita Márcia Gordinho informou que estava trabalhando realizando uma pesquisa eleitoral, em seguida, mudou a versão dizendo que alugava a sala para outra empresa. Ao ser questionada, novamente, do motivo de estar ali naquele horário (20h), mudou novamente a versão dizendo que trabalhava para a empresa de pesquisa por meio de um contrato de prestação de serviços.

Durante a diligência, constatado a suspeita de corrupção eleitoral, foi dada voz de prisão aos suspeitos, nesse instante, vários advogados chegaram no local.

Como funcionava

Rodolfo e Victor informaram que vieram de outro Estado para realizar o trabalho para Nicolau. Rodolfo explicou como funcionava a pesquisa e confirmou o repasse de R$ 80 para cada participante da reunião, após assistirem a propaganda gratuita eleitoral veiculada na televisão.

A suspeita Maria dos Prazeres informou que estava trabalhando no local e que foi trazida por Márcia Gordinho.

Ainda durante as entrevistas das pessoas no local, portando um envelope preto com o valor de R$ 80, a polícia identificou novas contradições. Segundo a PF, essas pessoas informaram que estavam na reunião por indicação de um conhecido ou terem recebido uma mensagem no celular, diferente do que haviam dito Márcia e Rodolfo, que afirmaram que as pessoas seriam sidos cooptadas na rua.

“Ficou claro que havia toda uma engenharia/organização no sentido de que estariam no local pessoas previamente selecionadas”, disse o agende da PF no documento.

Outro lado

Em nota, a coligação “Pra Voltar a Acreditar”, por meio da sua assessoria jurídica, disse que repudia a criminalização do trabalho de um instituto de pesquisa. “Como é prática mundial, nas pesquisas qualitativas não há indução e muito menos pedido de votos”, ressaltou.

Ainda conforme a coligação, qualquer informação diferente disso trata-se de uma notícia mentirosa, uma ”fake news” fabricada às vésperas da eleição para tentar influenciar o eleitor contra o candidato que mais cresce nas pesquisas e ameaça o grupo que está há mais de três décadas no poder na prefeitura de Manaus e no governo do Amazonas.

“A coligação ‘Pra Voltar a Acreditar’ rechaça e repudia a confusão de que foi vítima e informa que está atuando junto à Justiça Eleitoral e à Polícia Federal a fim de restabelecer a verdade e evitar que essa ação anônima siga tentando macular a credibilidade e idoneidade de nossa campanha”, finalizou a nota.

Sem resposta 

A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado Sidney Leite (PSD), sobre a situação envolvendo um funcionário lotado no gabinete do parlamentar, mas, sem sucesso até a publicação dessa matéria.

Leia o inquérito policial aqui.

 

 

 

Henderson Martins, para O Poder

Foto: Divulgação

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