novembro 23, 2024 07:36

Mortes por falta de oxigênio e pedido de afastamento de Wilson são a tônica da sessão extra da Aleam

Reunidos em sessão extraordinária na manhã desta terça-feira, 19, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), os deputados estaduais propõem o fim do recesso parlamentar, a transferência de R$ 20 milhões dos recursos em caixa para o Fundo Estadual de Saúde (FES), a serem destinados ao Fundo Municipal dos Municípios para socorrer as prefeituras do interior e, a aprovação, urgente, do pedido de impeachment do governador Wilson Lima (PSC) por crime de responsabilidade pelo caos na saúde e as mortes causadas por falta de oxigênio nos últimos dias.

Neste momento, o presidente da Associação Amazonense dos Municípios (AAM), prefeito de Manaquiri, Jair Souto (MDB), está participando de uma sessão de tempo para relatar os problemas que estão sendo vividos no interior do Estado. Jair Souto denunciou que os prefeitos do interior não foram informados pelo governo do Estado que faltaria oxigênio.

O primeiro a se manifestar foi o deputado Serafim Corrêa (PSB), que propôs a transferência de R$ 20 milhões para a FES de forma a socorrer o interior.

Já Sinésio Campos, do PT, propôs o encerramento, ainda nesta terça, do recesso parlamentar, com retorno das sessões legislativas para esta quarta-feira, 20. “O Amazonas virou uma pauta escandalosa. Estão fazendo cotinhas (para comprar cilindros de oxigênio). Pra mim isso não é falta de dinheiro, mas planejamento. Acredito que os deputados sejam a favor do fim do recesso parlamentar”, criticou.

Sinésio ainda lembrou que no ano passado foi aprovada emenda parlamentar impositiva  no valor de R$ 50 milhões para combate da Covid-19 e cobrou o investimento no interior onde, segundo ele, a população também está morrendo por falta de assistência.

“Quero fazer a proposta  que fizemos para a Fazenda da Esperança que cada deputado possa contribuir com R$ 200 mil para compra de cestas básicas. Precisamos ter o apoio necessário urgente da saúde, mas eu coloco que o povo passa necessidade e fome. Quero que o governo do Estado libere essas emendas e cheguem o mais rápido possível ao povo do Amazonas”, cobrou.

‘Momento trágico’

O deputado da oposição Wilker Barreto (Podemos) falou que o momento do Amazonas é o mais trágico de sua história e culpou a Aleam que, na sua avaliação, poderia ter salvado o Amazonas se tivesse aprovado o pedido de impeachment de Wilson Lima no ano passado.

“Esse genocida chamado Wilson Lima é um despreparado e inconsequente que está expondo o seu povo a morte hedionda. Morrer por falta de oxigênio na minha opinião é uma das piores maldades que se pode punir o ser humano. Nem um marginal merece uma morte horrível. Estamos falando de pais de famílias. Essa casa precisa dar respostas”, cobrou.

Wilker defende a ida do secretário de Saúde, Marcellus Campêlo, à Aleam para falar como estão os oxigênios, chamar os empresários.

Ele acrescentou que, juntamente com Dermilson Chagas, do Podemos, apresentaram uma representação contra o governador no Supremo Tribunal Federal (STF) denunciando o que classificam como “execução sumária” o que está acontecendo no Amazonas.

A presidente da Comissão de Saúde da casa, Mayara Pinheiro (PP), quer saber, por exemplo, quantas vítimas morreram por falta de oxigênio, pois esse número não foi informado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).

“A FVS não informa com clareza, mas através de ligações começamos a ver dados do interior e verificamos que foi o maior massacre por asfixia registrada nesse país. Os profissionais de saúde foram heroicos”, enfatizou.

Delegado Péricles (PSL) criticou a morte de centenas de pessoas por falta de oxigênio e afirmou que a FVS a SES (Secretaria de Estado de Saúde) tenta omitir. Péricles  afirmou que  a incapacidade de gestão não começou agora. Ele citou que  no dia 16 de março do ano passado tivemos o primeiro caso de Covid 19 e no site de governo do Estado dizia  que a rede de saúde estava preparada para a pandemia.

“Depois vivemos o epicentro de pandemia com o recorde de mortes. Dai vimos muitas trapalhadas e corrupção que ainda existia em plena pandemia. Lembra da UTI no Nilton Lins onde o governador  recebia respiradores que não servem para UTI. Lembram da entrevista em que ele falou que a loja de vinhos por ser importador era a única que podia trazer os respiradores por ser de outros países. Na CPI da Saúde nos mostramos que caiu por terra todas essas afirmações”, denunciou.

O deputado ainda relembrou matéria do dia 6 de janeiro em uma matéria da White Martins que dizia que estava preocupada com o aumento da demanda. “O governo emite uma nota que todas as unidades do Estado estavam abastecidas e não havia falta de oxigênio. “Essa é a nota do governo no momento em que a White Martins já alertava para a falta de oxigênio e que algo devera ser feito”, disse.

Apreensão de cilindros no interior

Durante sua fala na sessão extraordinária, o prefeito Jair Souto denunciou que os cilindros comprados em Manaus pelos prefeitos do interior que seriam levados para os municípios foram apreendidos pela Polícia Militar. Ele disse que os prefeitos não foram avisados que haveria falta de oxigênio no Estado.

“Pasmem senhores, prefeitos foram retidos com oxigênio que foram comprados para o interior pela Polícia Militar com ordens do governo do Estado. Temos o anúncio de metros de oxigênio e falta oxigênio no interior. Estamos pedindo que o governo possa discutir conosco a estratégias de saúde para o interior do Amazonas que são o que os prefeitos  vêm clamando”, disse.

Souto pediu ajuda dos deputados para resolver o colapso da saúde no interior do Estado.

 

 

 

 

Augusto Costa, para O Poder

Foto: Reprodução/Aleam

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