Diante do clima tenso entre indígenas e garimpeiros na terra Yanomami, no Norte de Roraima, desde 10 de maio, representantes da etnia enviaram um ofício a autoridades federais para que seja instalada, com urgência, uma “base avançada emergencial” na região com o objetivo de garantir a segurança dos moradores da Comunidade Palimiú.
No documento, elaborado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), consta que o ataque mais recente ocorreu neste domingo, 16, quando um grupo de garimpeiros em 15 barcos disparou bombas de gás lacrimogêneo contra os indígenas.
O ofício foi enviado à Fundação Nacional do Índio (Funai), Superintendência da Polícia Federal em Roraima, 1ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército (1º BIS) e ao Ministério Púbico Federal em Roraima (MPF/RR).
“Reiteramos o pedido aos órgãos para que atuem com urgência dentro de seu dever legal para impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a Comunidade Yanomami de Palimiú, antes que conflitos de mais grave natureza ocorram”. O documento é assinado pelo presidente da associação, Davi Kopenawa Yanomami.
Ações do MPF
O Ministério Público Federal solicitou, na quarta-feira, 12, que a União mantivesse tropas armadas na região de Palimiú, a fim de evitar novos confrontos entre garimpeiros e indígenas.
O pedido foi acatado pela Justiça Federal no dia seguinte e foi estipulada multa, caso não fosse comprovado pela União o envio de tropas ao local do conflito.
Polícia Federal
Em contato com O Poder, a Superintendência da Polícia Federal em Roraima informou que uma tropa de pronta intervenção da Superintendência do Amazonas foi enviada para a região do conflito na última semana.
Ainda segundo a PF, uma tropa da superintendência local está em condições de executar o mesmo trabalho, mas depende de aeronave do Exército e de boa condição do tempo para o envio de policiais à comunidade. “O foco agora é fazer a desintrusão [retirada dos garimpeiros]”, afirmou a assessoria da instituição.
Sem respostas
O Poder também entrou em contato com o 1º BIS para saber sobre possível envio de tropas, mas não houve resposta até a publicação da matéria.
A reportagem pediu à Funai um posicionamento sobre o assunto e aguarda retorno.
Ayan Ariel, para O Poder
Foto: Condisi-YY/Divulgação