novembro 30, 2024 00:29

‘Picareta’, dispara vereador sobre Paulos Guedes após escândalo

O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi duramente criticado pelos vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) nesta terça-feira, 5. O nome dele está em uma lista de pessoas que possuem offshores em um paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. O chamado “Pandora Papers” foi divulgado nessa segunda-feira, 4.

Opositor declarado de Bolsonaro no Plenário Municipal, o vereador Sassá da Construção Civil (PT) não amenizou ao criticar o ministro da Economia e pediu para o Parlamento fazer uma Moção de Repúdio contra Paulo Guedes. O parlamentar relembrou que já avaliou de forma negativa Sérgio Moro e que boa parte se concretizou.

“Quando eu falei que eles não tinham compromisso com o país, muita gente me criticou. Nós mostramos que o Moro quis dar um golpe no país e agora vive que nem ‘cachorro’ se escondendo. Ninguém sabe por onde anda”, observou. “Paulo Guedes é um ‘picareta’. Ganha dinheiro às custas do povo e só pensa na alta classe empresarial”, observou.

Sassá disse que sempre foi criticado por suas observações, mas que as mesmas se concretizaram com o passar do tempo. “Muitos servidores aplaudiram a reforma trabalhista e agora estão com salários congelados. O trabalhador brasileiro está com salários congelados com a inflação lá em cima. Gasolina, carne, frango, tudo está subindo. E aí? Vocês viram a bomba do Paulo Guedes”, exemplificou.

O petista explicou que muitas pessoas não conseguem arranjar emprego ou se aposentar de forma justa por causa da reforma trabalhista. “Quem paga o preço é o trabalhador”, afirmou.

“Eu vejo muito motorista de aplicativo que fez protesto a favor do Bolsonaro e Paulo Guedes sem conseguir rodar porque a gasolina está cara. Temos 14 milhões de desempregados. Não vejo mais ninguém ficar chamando ‘mito’ ou o Sérgio Moro de ‘herói’. Esse ‘picareta’ (Guedes) atinge a Zona Franca de Manaus e é o emprego dessas pessoas que temos que defender. Iremos decidir essa eleição nas urnas”, salientou Sassá.

Já Bessa (SD) relembrou que, na antiga legislatura, os parlamentares fizeram uma Frente Parlamentar em defesa do Polo Industrial de Manaus (PIM) por causa dos ataques sofridos.

“A máscara dele caiu. É estranho que este Ministério não tenha uma ação para diminuir o dólar e está explicado: ele lucrou R$ 21 milhões em três anos por causa do investimento que fez no paraíso fiscal. A minha revolta com ele são os ataques ao Polo Industrial”, argumentou.

O vereador explicou que havia esperança de que o ministro da Economia fosse investir na Zona Franca de Manaus mas, ao invés disso, ela foi duramente atacada por ele.

“Todas as ações dele vão de contramão ao nosso PIM, que ainda gera muitos empregos. Contra fatos não há argumentos. O senhor Paulo Guedes ataca 24 hora nosso polo com suas ações e medidas”, disse. “Não tem mais condições de ele permanecer no Ministério. Precisamos de políticas econômicas para gerar emprego e renda para a população voltar a comer, não carcaça de frango e osso como está acontecendo em algumas cidades, mas de forma digna. Muito está na conta desse cidadão chamado Paulo Guedes”, finalizou.

Pandora Papers

Os documentos dos Pandora Papers mostram que 66 dos maiores devedores brasileiros de impostos, cujas dívidas somam R$ 16,6 bilhões, mantêm offshores com milhões depositados em paraísos fiscais.

Paulo Guedes é dono de uma offshore que pode ter lucrado R$ 14 bilhões com a alta do dólar. Segundo a revista Piauí, em setembro de 2014, quando fundou a Dreadnoughts International, nas Ilhas Virgens Britânicas, Guedes tinha US$ 9,55 milhões. Esse montante correspondia a quase R$ 37 milhões quando foi nomeado para comandar a Economia brasileira pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Por causa disso, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal aprovou, nesta terça, 5, um convite para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, prestem informações sobre as offshores que possuem no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Por serem pessoas que podem ter informações privilegiadas, pode haver conflitos de interesses, sendo vedado pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal a manutenção de uma offshore.

Offshores 

As offshores são empresas em paraísos fiscais muito populares entre as pessoas mais ricas do mundo. Elas possuem vantagens econômicas como a economia no pagamento de impostos até a proteção de ativos. Infelizmente, por estarem em países com pouca transparência e fiscalização, elas são usadas, mais comumente, para esconder dinheiro proveniente de atos ilícitos.

No Brasil, é permitido ter offshores desde que declaradas à Receita Federal. Além disso, quando os ativos ultrapassam US$ 1 milhão, o Banco Central deve ser informado.

 

 

Priscila Rosas, para O Poder

Foto: Divulgação

Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins

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