Embora haja um temor em torno do retorno das aulas presenciais na rede pública do Estado do Amazonas, prevista para ocorrer entre os dias 10 e 24 deste mês, levando em consideração uma possível proliferação do novo coronavírus no ambiente escolar, estudos de organizações internacionais apoiam a volta às escolas, desde que sejam adotados protocolos de prevenção como o distanciamento, o uso de máscara e de álcool gel.
No Amazonas, o retorno das aulas presenciais para alunos do ensino médio da rede pública estadual está previstas para a segunda-feira, 10, enquanto dos estudantes do ensino fundamental está marcado para ocorrer no dia 24 de agosto. O governo do Amazonas tem divulgado que o planejamento leva em consideração as orientações de diversos órgãos como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo a Autoridade Nacional da Saúde Pública, agência governamental sueca subordinada ao Ministério da Saúde daquele país, que publicou o estudo: “Covid-19 em escolas – Uma comparação entre a Finlândia e a Suécia”, o fechamento das escolas nos dois países não teve impacto direto mensurável no número de casos confirmados laboratorialmente em crianças em idade escolar nestes dois países.
O relatório faz uma comparação entre Finlândia e Suécia, dois países de maneiras muito semelhantes que aplicaram diferentes medidas em relação às escolas durante a pandemia da Covid-19. “A Suécia é um dos poucos países que decidiram manter a creche e as escolas primárias abertas durante a pandemia. O fechamento da escola pode ter muitos efeitos negativos, principalmente de caráter social, mas também efeitos secundários, como os pais tendo que ficar em casa com seus filhos”, diz trecho do relatório.
“As crianças em geral parecem ser muito menos afetadas pela Covid-19 do que os adultos. Elas não ficam gravemente doentes na mesma medida que os adultos e por causa de menos sintomas graves ou nenhum, pode ser menos infecciosa”, destaca o estudo.
Na Finlândia, segundo o estudo, o número de casos em crianças em idade escolar primária tem sido menos da metade de sua porcentagem da população. Em geral, as diretrizes de teste para SARS-CoV-2 não diferem entre crianças e adultos, e crianças com sintomas foram testadas de acordo com os mesmos protocolos que os adultos. Até 15 de abril, os testes eram focados principalmente naqueles pertencentes a grupos de risco e funcionários em saúde. Posteriormente, os testes foram incentivados entre todos os casos suspeitos de infecção por Covid-19.
“O fechamento e reabertura da escola primária não teve nenhum impacto significativo no número semanal de casos confirmados laboratorialmente em crianças em idade escolar primária. O percentual extremamente baixo de crianças positivas SARS-CoV-2, que requerem cuidados intensivos e sem óbitos sublinham a patologia específica da idade da Covid-19”, diz trecho do estudo.
A agência concluiu que o fechamento das escolas não teve efeito mensurável no número de casos do novo coronavírus entre crianças; que elas não são um grande grupo de risco da doença e parecem jogar um papel menos importante do ponto de vista da transmissão, embora mais ativo vigilância e estudos especiais, como transmissão escolar e domiciliar estudos são justificados; os efeitos negativos do fechamento das escolas devem ser pensados contra os possíveis efeitos indiretos positivos que pode ter sobre a mitigação da pandemia da Covid-19.
ONU fala em prioridade
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo está enfrentando uma catástrofe em virtude do fechamento das escolas durante a pandemia e o retorno as aulas de forma segura precisa ser a grande prioridade.
De acordo com o secretário-geral da entidade, Antonio Guterres, mais de 1 bilhão de estudantes foram afetados pelas quarentenas. Desse total, 40 milhões estão longe das salas de aula em “um período crítico para o aprendizado, a pré-escola.
“Colocar os alunos de volta às aulas da forma mais segura que for possível precisa ser a maior prioridade. Já enfrentamos uma crise de ensino anterior à pandemia. Agora, estamos diante de uma catástrofe de toda uma geração que pode desperdiçar potencial humano e levar décadas de atraso, exacerbando a desigualdade”, disse Guterres em entrevista à CNN.
Campanha ‘Salve o Nosso Futuro’
A Organização das Nações Unidades lançou a campanha “Save our Future” (Salve o nosso futuro). A ação pede a reabertura de escolas e que seja priorizada nas decisões econômicas dos países. Segundo a ONU, as pessoas com necessidades especiais são ainda mais prejudicadas e que a carga sobre as mães fica ainda mais pesada com as escolas fechadas.
Os protocolos para reabertura mais eficazes, segundo a Lancet, são testes e rastreamento de casos, isolando indivíduos que testem positivo.
Em Manaus
O retorno as aulas de forma presencial na rede estadual na capital amazonense tiveram como embasamento estudos e um protocolo elaborado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), seguindo as recomendações de órgãos internacionais como a ONU.
Da Redação O Poder
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil