Falta um ano para as eleições gerais no Brasil e, até o momento, os candidatos aos cargos majoritários ainda não indicaram soluções para superar as graves crises. É o que aponta o cientista político Carlos Santiago.
Para o especialista, não faltam e não faltarão postulantes ao cargo de presidente da República, mas ninguém indicou soluções para superar as crises econômica, social, institucional, ambiental, educacional e, ainda, a falta de credibilidade internacional que afeta a imagem do Brasil no mundo.
“De 2011 a 2020, o Brasil não registrou crescimento econômico. Nesse período, o país foi governado pela esquerda democrática, com Dilma Rousseff; pelos partidários do centro político, via Michel Temer; e pela direita conservadora, o governo de Jair Bolsonaro”, destacou o cientista político.
Carlos Santiago acrescentou que o cenário atual do país é desolador com o desemprego recorde, a inflação dos últimos 12 meses – que já chegou a 10% -, a majoração do preço da carne em 30% e o enorme índice de pobreza e de desigualdade, com 37 milhões de trabalhadores na economia informal, sem falar nos aumentos consecutivos dos combustíveis.
“Os poderes da República estão sem confiança popular. O Executivo não tem projeto de desenvolvimento para o país, anda perdido nos discursos ideológicos ultrapassados. O Supremo Tribunal Federal (STF) produz mais tensões e conflitos de vaidades do que resguarda o direito a quem merece. O legislativo federal virou um balcão de negócios comandado por políticos tradicionais”, explicou Carlos Santiago.
Futuro da Amazônia
Além desta situação, Carlos Santiago disse que o país não tem uma política de Estado para o presente e o futuro da Amazônia. “As queimadas crescem, os povos tradicionais e os indígenas sofrem com ações de atividades econômicas clandestinas, com impactos ambientais e com a ausência do Estado nas fronteiras. Os amazônidas não são ouvidos, as riquezas naturais são roubadas e a população continua explorada e empobrecida”, disse Carlos Santiago.
De acordo com o cientista político, se perguntar aos postulantes do mandato presidencial ou do pré-candidato à reeleição sobre os problemas do Brasil, alguns irão afirmar que é culpa do atual “desgoverno” de direita; outros, vão citar que é o resultado do golpe contra a Dilma pelo parlamento direitista e do centro político e o atual presidente vai responder que é uma herança do esquerdismo passado.
“O fato é que todos têm suas razões, mas até agora não existem respostas concretas que apontem a saída do país desses momentos tão negativos. Se o problema é Bolsonaro, então quais as medidas pós Bolsonaro? Chegou a hora de buscar e propor saídas para essas tragédias que assolam o Brasil”, afirmou o cientista político.
Alessandra Aline Martins, para O Poder
Foto: Divulgação
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins