A disputa eleitoral em Manacapuru (a 98,8 quilômetros de Manaus), segundo maior colégio eleitoral do interior, promete ser acirrada e, com ao menos quatro aspirantes à prefeitura municipal, incluindo o atual prefeito, Beto D’Ângelo (Republicanos), que está em seu primeiro mandato e vai ‘brigar’ para se manter no cargo.
Conforme apurado pela reportagem de O Poder, os prefeituráveis na cidade são: Beto D’Angelo, o ex-prefeito Ângelus Figueira (PSC), Fantino Castro (PSL) e Francisco Bezerra (Avante).
A disputa não deverá ser fácil e, o novo gestor da cidade, seja D’Ângelo ou outro que se eleja, tem como grande desafio o esgotamento sanitário e urbanização, levando em consideração dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram que a cidade tem apenas 23,7% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, e 11,9% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização apropriada. (Confira os dados completo no final da matéria)
A disputa tende a ficar polarizada entre o do atual prefeito, que conseguiu apoio do MDB de Manacapuru, comandado no Amazonas pelo senador Eduardo Braga e, o Cidadania comandado pelo empresário Jesus Alves, ex-PDT; e o ex-prefeito do município, Ângelus Figueira, que é filiado no partido do governador Wilson Lima, o PSC, e se aliançou com os partidos, PP, Solidariedade, PSD, PSB, PSC, PTC e DEM.
Ambos os pretensos candidatos que lideram a corrida eleitoral em Manacapuru são velhos conhecidos da Justiça Estadual e Federal. Por um lado, o atual prefeito responde por uma Ação Civil Pública por improbidade administrativa ingressada pelo Ministério Público do Estado (MP-AM), por suspeita de fraude em licitação.
Beto D’Angelo também enfrenta denúncias por atrasos em pagamentos para empresa prestadora de serviço de lixos na cidade, que chegou a ameaçar a paralisação na coleta.
Ficha suja
O nome de Beto D’Angelo aparece na lista de ‘fichas-sujas’ do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM). A lista servirá como parâmetros de elegibilidade no momento em que os respectivos pedidos de registros de candidaturas forem analisados pela Justiça Eleitoral.
Contas reprovadas
Em outubro do ano passado, o prefeito teve suas contas reprovadas pelo TCE, referente ao Serviço de Autônomo de Água e Esgoto de Manacapuru (SAAE), da prestação de contas do ano de 2017 do município.
Ainda em 2019, o TCE instaurou um procedimento de Representação com Medida Cautelar para apurar a suspeita de nepotismo na Prefeitura de Manacapuru, praticada pelo então prefeito da cidade.
Por outro lado, o ex-prefeito de Manacapuru, Ângelus Figueira, que já comandou Manacapuru por três mandatos, tenta pela quarta vez assumir o controle da administração pública.
Ângelus já teve seus bens bloqueados em 2017, pela Justiça Federal, em decisão que atendeu o pedido do Ministério Público Federal (MPF), que apontou a suspeita de desvio de recursos federais em convênio para obras no município.
Em julho de 2019, o ex-prefeito de Manacapuru foi condenado pela Justiça Federal a devolver R$ 35 milhões aos cofres públicos, em atenção a uma ação civil pública movida pelo município. A apuração é relacionada a autorização por parte do ex-prefeito a uma construção de creche sem licitação.
Castigada
Manacapuru, conhecida como a “Princesinha do Solimões”, foi uma das cidades no interior do Estado mais castigadas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Em abril a cidade liderou os casos do interior do Estado, registrando, à época, 100 casos e três mortes.
Em maio deste ano, o secretário de Produção Rural do município de Manacapuru, Nailson Ferreira, morreu em decorrência do novo coronavírus. Ele foi a primeira vítima fatal da Covid na cidade.
Atualmente a cidade ocupa a quarta posição com mais de 3,6 mil casos confirmados até este domingo, 23, com um total de 144 mortes.
Atrativo
Conforme dados levantados pelo O Poder, no site do Tesouro Nacional, Manacapuru recebeu de janeiro a agosto deste ano, de repasses oriundos do governo federal, dentre eles, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), um montante superior a R$ 70 milhões.
O PIB (Produto Interno Bruto) de Manacapuru é o 6° maior do Estado (R$ 15.811,37); Cerca de 88,3% da receita do município é externa, conforme dados do IBGE. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do município é de 0,614.
Eleitorado
Com 67,5 mil eleitores, Manacapuru tem o segundo maior colégio eleitoral entre os municípios do interior do Estado, ficando apenas atrás de Parintins, que tem 69,5 mil eleitores. Os dados são do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM).
Confira os dados do IBGE aqui
Veja o número de eleitores do município aqui
Henderson Martins, para O Poder
Foto: Montagem