Com perdas históricas na indústria e no setor de serviços em relação as medidas de contenção da Covid-19, a economia brasileira sofreu contração recorde no segundo trimestre ao despencar 9,7% sobre os três meses anteriores. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta terça-feira, 1º.
Segundo o levantamento, a contração do Produto Interno Bruto (PIB) se aprofundou entre abril e junho depois de queda de 2,5% no primeiro trimestre, em dado revisado de recuo de 1,5% informado anteriormente.
Mesmo as medidas de isolamento contra a Covid-19 sendo aplicadas no final de março no Brasil, o ritmo de declínio da atividade atingiu o ápice em abril. Porém, os indicadores apontam que o ritmo da economia passou a ganhar força no final do segundo trimestre, com a reabertura de empresas e negócios após medidas mais rígidas de isolamento.
Segundo o IBGE, a queda da atividade fica mais evidente em comparação anual, uma vez que o PIB apresentou perdas de 11,4% sobre o segundo trimestre de 2019, também a queda mais forte da série iniciada em 1996.
Com isso, a contração acumulada no primeiro semestre deste ano chegou a 5,9% em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com o IBGE. Em todo o ano passado, houve crescimento de 1,1% do PIB.
Através disso, o PIB encontra-se agora no mesmo patamar do final de 2009, auge dos impactos da crise global.
Setores afetados
Segundo o IBGE, a indústria foi a mais afetada com recuo recorde da produção de 12,3% no segundo trimestre sobre o primeiro. Somente a indústria de transformação apresentou perdas de 17,5%, enquanto construção caiu 5,7% e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto recuou 4,4%.
Já o setor de serviços teve contração de 9,7% no período, resultado também inédito, com destaque para as perdas de 19,8% em outras atividades de serviços, que reúne serviços prestados às famílias. Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB brasileiro.
A Agropecuária mostrou que passou praticamente incólume à pandemia ao registrar crescimento de 0,4%, devido principalmente à produção de soja e café.
Conteúdo: Reuters
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil