O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva indicou a representantes do presidente dos Estados Unidos Joe Biden que talvez não haja tempo hábil para uma visita aos EUA antes da posse.
Por quase duas horas, Lula se reuniu com o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, o diretor sênior para assuntos do Hemisfério Ocidental, Juan Gonzalez e o oficial sênior do Departamento de Estado para assuntos do Hemisfério Ocidental Ricardo Zúniga. Acompanharam Lula na conversa Fernando Haddad e o ex-ministro Celso Amorim.
Segundo Amorim, Sullivan fez questão de frisar que Biden estava disposto a receber Lula antes da posse. O petista, no entanto, ponderou as várias providências que terá de tomar antes da posse, argumentando que talvez não houvesse tempo.
“Não disse não, mas que talvez não desse. Valorizou muito o fato de ter sido feito o convite dessa maneira, mas que talvez não desse antes da posse. Mas que Lula acha que dá para ir logo no início do ano. Também já numa visita oficial como presidente. Isso foi, digamos assim, a motivação principal do encontro”.
Na descrição de Amorim, a conversa foi ampla e incluiu temas regionais e globais. De acordo com o ex-ministro, falou-se de cooperação entre os dois países na área de tecnologia, desenvolvimento sustentável e científico.
De acordo com Amorim, ambos falaram ainda sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, que se arrasta desde fevereiro. Lula teria se colocado a ajudar no que fosse possível em temas relacionados à paz e à democracia.
“Falou-se na região, da necessidade de encontrar também e fortalecer a democracia na região de maneiro positiva e através do diálogo. E até temas mundiais foram conversados, sem entrar em detalhes de como os problemas podem ser resolvidos. Mas foi conversado com muita clareza e franqueza temas importantes como a guerra da Rússia e da Ucrânia. Comentários bastante gerais. E o interesse que se sentiu para quer o Brasil pudesse ajudar em algum tema. O presidente disse estava disposto a ajudar”, relatou o auxiliar de Lula.
Um dos tópicos principais foi a crise climática, segundo o ex-ministro, e a necessidade de cooperação para resolver o problema.
“Falaram muito de clima. A mudança climática como uma das grandes ameaças no mundo. E que Brasil e Estados Unidos podem ter uma importância muito grande. Não discutiram formas específicas, mas a necessidade de engajamento nos dois países na questão do combate ao aquecimento global”.
Ainda de acordo com Celso Amorim, ambos citaram a situação do Haiti. Não houve, porém, qualquer pedido para que o Brasil retorne àquele país para comandar tropas de paz.
“O tema do Haiti foi mencionado. O próprio presidente Lula lembrou o empenho que o Brasil teve no passado na questão do Haiti, enfrentando, às vezes, até mesmo oposição interna, e a preocupação que ele tem. Aparentemente, a situação hoje é muito pior do que era há 14, 15 anos. E o Jake Sullivan, não vou entrar em detalhes, até porque não sei, falou dessa preocupação. Mas não fez nenhum pedido específico ao Brasil. Foi mencionado a possibilidade de uma força multinacional, mas ele não citou com entusiasmo”, afirmou Amorim.
Com informações de O Globo
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