No seu depoimento à Polícia Federal, Jair Bolsonaro afirmou que soube da existência das joias sauditas milionárias em dezembro de 2022, um ano após a sua chegada ao Brasil. Ele também afirmou que não se recorda de quem o informou sobre a apreensão das joias pela Receita Federal.
Bolsonaro foi chamado para prestar depoimento na sede da PF em Brasília sobre três conjuntos de joias que foram dados a ele e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como presente pelo governo da Arábia Saudita. A investigação da PF está apurando se o ex-presidente cometeu o crime de peculato ao tentar ficar com as joias, especialmente um conjunto avaliado em R$16 milhões que foi retido pela Receita Federal em outubro de 2021.
O peculato é caracterizado quando um funcionário público se apropria de dinheiro ou bens dos quais tem posse em razão de seu cargo. A pena varia de 2 a 12 anos de prisão, além do pagamento de multa.
O conjunto de joias retido pela Receita Federal estava na mochila de um assessor do Ministério de Minas e Energia, que voltava com uma comitiva da pasta de uma viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2021. Na ocasião, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que também estava na comitiva, disse que as joias eram para Michelle. Outros dois conjuntos de joias conseguiram entrar no país sem serem declarados. Depois que o caso se tornou público, Bolsonaro foi obrigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver esses dois conjuntos para o Estado.
Bolsonaro afirmou em seu depoimento que buscou verificar a regularidade dos procedimentos e das normas aplicadas a esse caso. Ele disse que isso tinha como objetivo evitar um “vexame diplomático” com a Arábia Saudita. Bolsonaro argumentou que, na sua opinião, se as joias ficassem retidas na Receita Federal, isso poderia causar constrangimento e chegar aos ouvidos do governo saudita.
Com informações do G1