Matéria veiculada no site UOL em nível nacional, nesta sexta-feira, 17, aponta que no ano passado, por falta de pagamentos dos salários, 549 médicos deixaram Manaus e foram atuar em outras praças. A informação se baseia em dado do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam).
O êxodo destes profissionais está sendo sentido diretamente, neste momento em que a capital amazonense atravessa um momento crítico por conta do avanço e letalidade do coronavírus e, conforme a reportagem do UOL, representa um déficit de 10% destes profissionais no sistema de saúde local.
A reportagem de O Poder procurou a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) para repercutir estes dados, mas a pasta disse desconhecer esta informação e, garantiu que paga os salários dos servidores “rigorosamente” em dia.
Em nota, a Susam informou que os médicos que prestam serviços por meio de empresas ou cooperativas médicas contratadas pelo Estado “recebem pró-labore das mesmas e não salário, uma vez que são sócios ou cooperados”.
Questionada pela reportagem se os pagamentos das cooperativas ou empresas estavam em dias, a Susam informou que o governo tem pago pelo menos uma competência mensal. “Em relação ao pagamento das empresas, a atual gestão tem pago pelo menos uma competência mensal para cada uma. A escassez de profissionais de medicina é uma realidade no mundo e não exclusividade do Amazonas.”
Cremam desafia a Susam
O posicionamento da Susam nega o levantamento do Cremam e o presidente do conselho, José Bernardes Sobrinho, reafirmou que o Estado tem um histórico de não pagar em dias e há várias empresas que não querem mais prestar serviços porque não recebem.
“Eu desafio a Susam a marcar uma reunião com todas as empresas que prestam serviço para o sistema de saúde do Amazonas. Eles devem várias empresas, 3 a 4 meses de atraso”, disse o dirigente.
Sobrinho também revelou que em janeiro do ano passado tinham 5.114 médicos inscritos no conselho e esse ano estão registrados apenas 4.867. “Eu tenho mais assinando idas de profissionais do que pessoas vindo”, acrescentou.
O presidente do conselho disse que as condições de trabalho nos prontos-socorros do Amazonas são inapropriados e, diante dos atrasos salários que chegam até quatro meses, os profissionais preferem ir para o Sul do país.
Sobrinho também afirma que, diante da grave crise por conta da Covid-19, dificilmente o Estado conseguirá trazer profissionais de outras regiões. “Você acha que um médio de São Paulo, onde recebe em dias, vem para o Amazonas para receber o mesmo que ganha lá, só que atrasado, nesse período de crise?”, questionou.
Novos médicos
Por meio de nota, a Susam informou que o Amazonas recebeu 16 profissionais voluntários, que foram enviados pelo Ministério da Saúde, por meio do programa Brasil Conta Comigo. “Ao todo, são cinco médicos e 11 enfermeiros que irão atuar no combate ao Covid-19 dentro da rede hospitalar do Amazonas, mais especificamente no Hospital Delphina Aziz”.
A Susam diz ainda que abriu edital do Processo Seletivo (PSS) para a contratação temporária, por 90 dias, de 704 técnicos de enfermagem, que irão atuar nos estabelecimentos de saúde definidos como referência para o tratamento de pacientes.
A pasta também informou que o governo convocou 517 profissionais de saúde aprovados no concurso dos bombeiros, sendo 60 médicos especialistas, 78 enfermeiros, 30 dentistas, 28 farmacêuticos, 28 assistentes sociais, 236 técnicos de enfermagem, cinco técnicos de gesso, 25 técnicos de radiologia e 29 auxiliares de consultório dentário e que 200 desses profissionais já se apresentaram e irão reforçar o quadro do Hospital Nilton Lins e outros nove intensivistas irão atuar no Hospital Delphina Aziz.
Álik Menezes, para O Poder
Foto: AFP