setembro 7, 2024 20:51

De críticos a apoiadores, políticos do Amazonas se posicionam sobre vídeo da reunião ministerial

Embora a maioria da bancada federal do Amazonas tenha evitado se posicionar sobre o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus ministros, alguns políticos do Estado resolveram usar suas redes sociais ou falaram ao O Poder sobre a repercussão do teor da reunião.

Os insultos, palavrões e ofensas a homens públicos, a exemplo do prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB), que foi chamado de “bosta” pelo presidente, divulgados nesta sexta-feira, 22, recebeu críticas, mas também apoio de bolsonaristas locais.

O senador Omar Aziz (PSD) criticou a postura do presidente e  afirmou que o comportamento agressivo  Bolsonaro não lhe causou surpresa e que na sua avaliação aquilo não é uma reunião.

“Eu vi ali todo mundo destilando ódio. Nada daquilo que a gente já não tenha visto antes. Mas não vejo nada na fala dele que possa comprometê-lo de tirar ele da presidência. Nesse momento de pandemia mais 80% da população está em casa vendo tudo que é programa de televisão e cada um tire as suas conclusões”, afirmou.

O que causou surpresa a Omar foi a subserviência do então ministro da Justiça, Sergio Moro, que, no momento em que o ministro da Educação, Abraham Weintraub criticou o Supremo Tribunal Federal e chamou os ministros de “vagabundos que deveriam estar na cadeia”, não se manifestou ou saiu em defesa do Judiciário.

“A fala do Bolsonaro é aquele linguajar, é dele, que ganhou a eleição desse jeito, agredindo e atacando o tempo todo. O que me espanta é o linguajar do ministro da Educação que extrapola e depois dele ter falado o que falou o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, não ter interpelado ele na hora. Peraí, você não poder dizer aqui que todo o Supremo só tem vagabundos e tem que ser presos”, disse Omar.

O senador Plínio Valério (PSDB) também se manifestou em suas redes sociais e em declarações à reportagem do Portal O Poder. Ele questionou a forma ofensiva que o presidente se referiu ao prefeito Arthur Neto.

“Quem gosta do presidente vai continuar gostando. Quem não gosta, vai continuar não gostando e quem estava no meio, agora tem argumentos para decidir por um dos lados. Podia ter criticado de outra maneira. Não se justifica os termos utilizados. Pegou pesado e teve a resposta também pesada.Ou seja, isso em nada contribui para a solução dos inúmeros problemas dos brasileiros”, afirmou.

O senador Eduardo Braga (MDB) não se manifestou nas redes sociais e nem atendeu às chamadas telefônicas e mensagens via aplicativo de conversa feitos pela  reportagem.

Federais se calam

Dentre os oito deputados federais do Amazonas, apenas José Ricardo (PT) e Bosco Saraiva (Solidariedade) atenderam a reportagem e, Alberto Neto (Republicanos) e Marcelo Ramos (PL) se manifestaram em suas redes sociais. Os demais, Silas Câmara (PRB), Delegado Pablo (PSL), Sidney Leite (PSD) e Atila Lins (PP), não atenderam as ligações e nem responderam as mensagens via Whatsapp.

‘A cara do Bolsonaro’

Em um post no Twitter, o deputado Marcelo Ramos afirmou que o vídeo é “a cara do Bolsonaro e da base que o sustenta”.

Ramos acrescentou ainda que não vê novos danos, mesmo discordando da forma como o presidente trata as instituições democráticas do país. “Preciso reconhecer que as críticas dele são críticas avalizadas por muitos”, diz o deputado.

 

‘Ele é um mal ao país’

Na avaliação de José Ricardo, o vídeo mostrou o despreparo do presidente, que além de ser uma pessoa que só fala palavrões, não tem respeito por ninguém. O deputado afirmou que a reunião ministerial não trata sobre a situação da população que está morrendo com a pandemia do coronavírus, nem de medidas de prevenção para atender os mais pobres e os indígenas.

“Vários ministros falando besteira. Pessoas totalmente despreparadas. Não é um governo sério, ele (Bolsonaro) só ataca governadores e prefeitos. Não busca a união nacional para preservar vidas, pelo contrário estimula o fim do isolamento e graças a ele muita gente morreu. Ele é um mal ao país”,  criticou.

Bolsonaro ‘in natura’

Bosco Saraiva acompanhou o colega deputado e não poupou críticas ao presidente e disse que a reunião ministerial de 22 de abril revelou o presidente Bolsonaro “in natura”, longe daquilo que o país precisa neste momento de grave crise na saúde pública brasileira motivada pela Covid 19.

“As lamentáveis declarações referentes a autoridades brasileiras, incluindo entre estas o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, não estão à altura do líder que o Brasil precisa ter”, alfinetou.

Bolsonarista, o deputado capitão Alberto Neto saiu em defesa do presidente nas suas redes sócias em vídeo de dez minutos postado no seu Instagram. Ele cita que “estamos numa guerra e que o momento é de união contra o coronavírus e não guerras políticas e que Bolsonaro não cometeu crime de responsabilidade para pedirem o impeachment”.

“Primeiro uma vergonha para o meu país. Enquanto os outros países estão unidos para salvar a população e reconstruir o país nós estamos aqui com guerras políticas. Já tem 32 pedidos de impeachment contra o presidente”, fala o deputado em parte do vídeo.

‘Vídeo ajuda a reeleger’, diz Fausto Jr.

O deputados estaduais Delegado Péricles (PSL) e Fausto Júnior (PRTB) se manifestaram em suas redes sociais sobre o vídeo da reunião ministerial de Jair Bolsonaro.

Péricles saiu em defesa do presidente e afirmou ao Portal O Poder que o presidente Jair Bolsonaro estava em reunião ministerial, fechada. “Deixava claro aos seus ministros a necessidade de coesão, união e, acima de tudo, mostrava a importância do respeito ao povo, aos ideias e bandeiras erguidas durante toda a campanha e mandato dele até então. Falou verdades de quem quer comandar o país de forma transparente e sem atos negligentes, inconsequentes e incoerentes que normalmente se vê de alguns políticos, inclusive os citados por ele”, alfinetou.

Fausto Jr em seu Facebook também defendeu Bolsonaro e, na sua avaliação em trecho nas redes sociais o vídeo ajuda a reeleger o presidente.

“Precisamos agradecer ao STF por tornar pública a fita da reunião do presidente @Jair Bolsonaro com seus ministros. Parafraseando a deputada Janaina Paschoal: “A fita que eu estou vendo reelege o presidente”.

O Portal O Poder  entrou em contato com o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), Josué Neto (PRTB), que é apoiador de Bolsonar, mas ele não respondeu às mensagens e não atendeu as ligações telefônicas da reportagem.

Chico critica Arthur

O vereador Chico Preto (Democracia Cristã) também se manifestou em suas redes sociais sobre o vídeo do presidente Bolsonaro e criticou a administração do prefeito Arthur Neto (PSDB).

“A falta de compromisso do prefeito de Manaus com os problemas da cidade ganhou mais notoriedade hoje (ontem) após a divulgação do vídeo da reunião ministerial, onde Bolsonaro o crítica com veemência. Eu faço coro a essas críticas que, apesar de duras, revelam que @prefeitura de Manaus está mais preocupada em apostar no caos, pânico e nos espetáculo midiático para gerir a crise do que na resolução dos problemas. Lamentável!”.

Para Vanessa, Bolsonaro propaga a ideia de uma ‘guerra civil’

A ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) não economizou críticas ao presidente Jair Bolsonaro em suas redes sociais e em declarações ao O Poder.

Para Vanessa foi importante a decisão do ministro do STF, Celso de Mello, em autorizar a divulgação do vídeo da reunião de forma a dar maior transparência aos atos do Poder Executivo e sobretudo às investigações sobre as acusações que pairam sobre Bolsonaro e do seu desejo de intervir na Polícia Federal para a sua proteção individual, de seus filhos e de amigos.

“Isso se alguém tinha dúvidas a partir de ontem com a divulgação do vídeo essas dúvidas foram sanadas, porque é uma prova robusta que, de fato, Bolsonaro pressionou para intervir na Polícia Federal e o objetivo é uma proteção pessoal para que não evoluam as investigações sobre crimes cometidos pela sua própria família”, alfinetou.

Sobre a reunião, a ex-senadora disse que foi algo estarrecedor com a mais alta cúpula de dirigentes do Brasil, num momento em que avançava a pandemia do coronavírus no país e que em duas horas de reunião eles não falaram sobre como proteger vidas e qual o plano de ação.

“Eles atacam governadores e prefeitos ameaçando inclusive de prisão. Dando asas a uma série de fake news que se espalharam que caixões estavam sendo enterrados vazios. Lamentavelmente, o ministro da Educação, ameaçou de prisão a ministros do Supremo. Bolsonaro defendendo as armas à população contra a ditadura. Que nada, o objetivo dele e armar o povo para eles lhe defendam e lhe mantenham no poder, ou seja, indiretamente ele propaga a ideia de uma guerra civil”, disparou.

Para o presidente estadual do PCdoB, Eron Bezerra, está mais que evidente que Bolsonaro e sua equipe não reúne condições política, técnicas e emocionais para dirigir um pais da complexidade do Brasil. Eron sugere que a melhor medida para o país seria cassar a chapa que elegeu Bolsonaro e seu vice Hamilton Mourão (PRTB) que seria até pior que o presidente se assumir o poder.

Eron diz que Bolsonaro desrespeitou a democracia ao insultar os governadores, prefeitos e o STF. “A solução ideal para o Brasil é exatamente evoluir a denuncia que comprava que houve manipulação no resultado eleitoral está  fraudado e com base nisso pode se cassar a chapa. Temos que nos livrar desse pessoal em defesa da democracia, da economia e saúde, da paz. O Brasil precisa de paz para trabalhar”, concluiu.

 

 

Augusto Costa, para O Poder

Fotos: Divulgação

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