Analisando o pleito do domingo, 15, Eric Barbosa, presidente do Instituto Pontual e especialista em pesquisas eleitorais, avaliou o que os candidatos devem prestar atenção para o segundo turno das eleições na capital do Amazonas.
Em entrevista para a Band News, Eric foi enfático ao apontar que levará o cargo na Prefeitura de Manaus quem errar menos e conseguir o voto dos que não saíram de casa. “A baixa participação de pessoas na faixa etária a partir de 36 anos de idade pode ter influenciado no resultado final na disputa”, pontuou.
Também convidado para analisar o cenário da corrida eleitoral pelo Portal Fato Amazônico, Eric acrescentou que também houve diminuição na presença do eleitor acima de 44 anos. “Abstenção no segundo turno pode ser ainda maior. Mas é preciso perceber que a pandemia não mudou a opinião do eleitor sobre as eleições de 2020. As pesquisas da Pontual em 2019 já mostravam Amazonino Mendes e David Almeida no segundo turno”, observou o especialista, que atua com pesquisas em Manaus desde 2016.
Ainda à Covid, ele acredita que mesmo com a corrida eleitoral tendo ignorado a presença de uma pandemia, houve efeitos relacionados a falta de contato, físico ou virtual. “O eleitor fica confuso também com as movimentações físicas, ele está se adaptando a esse momento digital também”.
“Amazonino foi o que melhor se adaptou ao momento”, disse citando as reuniões feitas pelo candidato do Podemos que usou uma estrutura para aparecer em tela grande e conversar com os moradores de cada bairro e acrescentando que essa presença foi o que faltou aos 56% de vereadores substituídos na Câmara municipal. “O fator que tirou a maioria dos vereadores da Câmara, foi a presença nas ruas. Não só agora mas durante os 4 anos de mandato”, assinalou.
Sobre as estratégias no Legislativo, o especialista em política comentou o ‘case’ de sucesso do candidato Amom (Podemos), eleito com mais de 8 mil votos. “Ele é o mais novo candidato eleito. E começou com um discurso focado em tecnologia e saúde, somando a isso uma presença forte nas redes sociais. Foi o que faltou pra outros que não conseguiram transferir sua fama para a urna”, analisou Eric.
Transferência de voto
Analisando os demais candidatos a prefeito de Manaus, o especialista chamou atenção para o fato “transferência de voto”, que não é mais tão forte assim. “Hoje temos um eleitor mais informado. Não necessariamente em qualidade, mas com informação em tempo real. E que vota baseado nisso. Morreu aquela ideia de colocar a mão no ombro e dizer ‘esse é o meu candidato’. Vemos um ciclo político se fechando e caciques em declínio. E o pior, a política foi insuficiente para produzir novos frutos”, analisa Eric.
Barbosa também comentou os números de outros candidatos que chamaram atenção no pleito pelo Executivo municipal. “A subida do Ricardo Nicolau esquentou a eleição. Menezes também subiu na última semana, mesmo que não se acreditasse em uma influência forte do presidente, mas mesmo assim, ele alcançou mais de 10 pontos. Existem esses dois pesos aqui. Agora vale ver qual a força dele sozinho. Já José Ricardo é o candidato do voto silencioso. Sempre surpreende”, afirmou Eric apontando como a política no Amazonas é uma caixinha de surpresas.
Para encerrar, o diretor do Instituto Pontual falou sobre 2022. Disse que não é possível prever nada ainda, mas que quem levar esse pleito definitivamente terá vantagens e deu dica para os que não foram para o segundo turno:
“Quem quer sair a deputado federal em 2022 deve ficar calado agora e não dar apoio a ninguém. O discurso do ‘Essa é a minha proposta e sou independente’ é o melhor movimento”, frisou.
Sharon Marques, para O Poder
Foto: Lucas Bastos/O Poder