O senador Chico Rodrigues (DEM), flagrado em outubro de 2020 com mais de R$ 30 mil na cueca durante uma operação da Polícia Federal, publicou em uma rede social um post defendendo a aceleração na aprovação de um projeto que trata da vacinação obrigatória contra Covid-19 nos fins de semana e feriados.
O Projeto de Lei 1.136/2021, de autoria de Rodrigues, altera as leis 6.259, de 30 de outubro de 1975, e 14.124, de 10 de março de 2021, e prevê a obrigatoriedade de vacinação diária como medida excepcional para controle de epidemias e calamidade pública.
Ainda conforme a proposta do senador, tal medida deve ser adotada “até que se atinjam as metas definidas pelos respectivos planos de ação para cada grupo, em cada fase de vacinação, que só poderá ser interrompida nas hipóteses de falta de imunizante e nos casos em que for necessária a reserva de doses para aplicação subsequente nos grupos em que foram ministradas posteriormente”.
Ao justificar o projeto de lei, Chico Rodrigues argumenta a frequente aglomeração de pessoas em pontos de vacinação por todo o país e o fato de a imunização não ocorrer nos fins de semana e feriados “como medida ágil para reduzir esses problemas”.
“Temos acompanhado pelo noticiário morosas e extensas filas e, em alguns casos, pessoas que pernoitam na fila para garantir atendimento. A população mais idosa, que está entre os grupos prioritários, aguarda, muitas vezes, por horas dentro de veículos para receber a vacina nos chamados drive-thru”, argumenta.
O senador, que tem 69 anos, tomou a primeira dose do imunizante contra a Covid em Brasília, no dia 27 de março, e compartilhou uma foto nas redes sociais. “É muito forte a sensação de receber em si a esperança em forma de vacina”, escreveu na publicação.
Após aprovado em plenário, o projeto do senador foi encaminhado no fim de abril para a Câmara dos Deputados, onde, até a tarde desta quinta-feira, 13, aguardava designação de relator na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF).
Desvid-19
Chico Rodrigues foi flagrado em 14 de outubro de 2020 com R$ 33 mil na cueca durante uma operação da Polícia Federal. À época, ele se defendeu dizendo que o dinheiro seria usado para pagar funcionários. O senador chegou a pedir afastamento de 121 dias, mas retornou às atividades no Senado em fevereiro.
Rodrigues é suspeito de desvio de recursos públicos que seriam destinados ao combate da pandemia em Roraima. A operação, chamada de “Desvid-19″, tinha o objetivo de desarticular uma quadrilha criminosa que teria desviado cerca de R$ 20 milhões de recursos da Saúde de Roraima. Foram identificados vários indícios de sobrepreço e superfaturamento nos contratos para aquisição de equipamentos de proteção individual (EPI) e testes rápidos de Covid-19.
Embora o Conselho de Ética tenha solicitado à Advocacia do Senado a análise de representações apresentadas pelos partidos Cidadania e Rede Sustentabilidade, o caso do “dinheiro na cueca” continua parado.
Até o escândalo, Chico Rodrigues era vice-líder do governo, mas foi afastado do cargo. Este ano, após reassumir as funções, o senador foi um dos que assinaram o pedido de instalação da CPI da Pandemia, conhecida como CPI da Covid, cujas atividades foram iniciadas no começo deste mês com depoimentos de ex-ministros da Saúde de Bolsonaro e do atual, Marcelo Queiroga.
Érico Veríssimo, para O Poder
Foto: Arquivo pessoal/Chico Rodrigues