Depois de quase 120 dias afastada no plenário por licença-maternidade, a deputada Joana Darc (PL) retornou às atividades parlamentares nesta quarta-feira, 16. Com o filho Joaquim no colo, ela pediu desculpas para todos os deputados, oito meses depois das acusações de compra de votos no valor de R$ 200 mil, para eleição do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), Roberto Cidade (PV).
Joana Darc reconheceu que existe um processo de cassação do seu mandato tramitando na Comissão de Ética por quebra decoro. No entanto, justificou que a maternidade lhe fez refletir e chegar à conclusão de que havia errado ao fazer acusações levianas aos colegas deputados.
“Estou vindo a essa tribuna para falar para a sociedade o fato que aconteceu. Fiz uma denúncia de uma suposta compra de votos e depois tive o Joaquim e passei pelo pós-parto e não tive a oportunidade de pedir que retirem dos anais da Aleam as palavras que eu coloquei aqui nessa tribuna de forma injusta e leviana”, afirmou.
A deputada disse que queria falar olhando nos olhos dos colegas e pedir desculpas. Joana Darc pediu desculpas nominal a todos os deputados presentes.
“Tenho relação de amizade com todos os colegas na Aleam. Já divergimos e concordamos e sempre caminhamos juntos. Já vivemos aqui momentos conturbados. A democracia é isso e eu me excedi, fui injusta. Hoje, que eu sou mãe, não gostaria, por exemplo, que o meu filho escutasse algo sobre mim que não fosse verdade. Talvez, naquele momento, até pela imaturidade, por não ser mãe e não ter a minha família, eu não entendesse que eu estaria atingindo a vida de cada um. Quero pedir desculpas”, falou citando os nomes de cada um dos colegas.
A deputada ainda justificou que não havia pedido desculpas antes porque não poderia usar a tribuna. “Até pelas divergências políticas, quero pedir desculpa aos deputados Wilker Barreto e Dermilson Chagas, não tiro as razões que vocês tiveram. Estivemos de lados opostos, mas quero dizer que admiro o trabalho de cada um. Não vou justificar por isso, mas eu estava passando por um momento difícil e no calor das emoções. Fui pega de surpresa, mas nada justifica. Tinha que fazer isso não porque estou sofrendo processo de cassação, mas porque o meu coração quer esse pedido de desculpa”, ressaltou.
Oposição
O deputado Wilker Barreto (Podemos), autor do pedido de cassação de Joana Darc, se manifestou contrário ao pedido de desculpas da deputada. “Quero só reavivar a memória dessa Casa de que tudo saiu no Jornal Nacional, Estadão, UOL e CNN e eu jurava que na semana seguinte a razão pudesse voltar. Carlinhos Bessa, oito meses depois eu acho válida a desculpa, mas isso não diminuiu o que é ferir o regimento. Eu sou o autor da denúncia e todos nós temos uma coisa que não podemos perder que é a credibilidade diante da opinião pública. Respeito a sua maternidade e tenho dois filhos e por pensar neles que tenho que levar a denúncia à Comissão de Ética”, alfinetou.
Wilker afirmou, ainda, que a calúnia na Aleam foi divulgada em todo o Brasil. “Sou líder da oposição e divergir no campo das ideias faz parte de um parlamento maduro, mas atacar a honra de 16 parlamentares e oito meses depois pedir desculpas é extemporâneo, na minha opinião”, destacou.
Álvaro Capelo (PP) citou como exemplo a parábola do travesseiro com as penas que são espalhadas ao vento e depois é dada a missão de recolher as penas. “Assim é a honra e a imagem de alguém quando é atingida. Até hoje não entendo porque a deputada Joana Darc fez isso. No calor da emoção temos que ter equilíbrio. A deputada falou que se fosse à Justiça teria como provar o que tinha falado. O nosso nome rodou o Brasil inteiro e eu pergunto se a Globo, o UOL, CNN e portais darão agora a mesma publicidade”, questionou.
Apelo ao perdão
Somente o deputado Serafim Corrêa (PSB) saiu em defesa de Joana Darc. “Eu entendo os dois colegas que me antecederam. Talvez pela idade que eu já vi muita briga. Temos que ter generosidade e o sentimento de perdão. Falo apenas por mim, claro que fiquei triste quando a ilustre deputada fez aquela acusação e, comigo mesmo, disse que era um absurdo e que a acusação não se sustenta. Quero dizer à deputada Joana e demais colegas que, da minha parte, isso é assunto encerrado”, concluiu.
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Reprodução
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins