A futura construção do Anexo 2 da Câmara Municipal de Manaus (CMM) gerou uma briga com troca de “farpas” nesta segunda-feira, 13, entre os vereadores que apoiam e os discordam da construção do “novo ambiente” para os legisladores.
Opositor da obra, o vereador Rodrigo Guedes (PSC) voltou a colocar em discussão no plenário a construção do anexo, que foi defendida com “unhas e dentes” pelo presidente da Casa, David Reis (Avante), pelo vereador Mitoso (PTB) e os membros da Mesa Diretora, Wallace Oliveira (Pros), Diego Afonso (PSL) e Glória Carratte (PL).
A “desavença” começou quando Rodrigo Guedes se opôs publicamente a construção do Anexo 2 do Parlamento Municipal pedindo, inclusive, para o dinheiro voltar para a Prefeitura Municipal de Manaus.
“Sou contra a construção desse prédio. Acho desnecessário. Lógico, que é legal e está dentro do orçamento da Câmara. É o duodécimo que recebemos para exercício do Parlamento, mas, nada impede que esse recurso seja devolvido para a Prefeitura. Eu tenho certeza que se nós consultarmos a população, 100% vai se opor a construção do anexo”, disse Guedes. “Muito melhor esse recurso ser investido em educação e saúde, com construção de escolas, de centros esportivos (..). Nós temos mais um gasto de R$ 32 milhões para algo que não é uma necessidade da população”, finalizou o vereador pedindo para o presidente da Casa devolver o recurso.
David Reis, por sua vez, rebateu o colega falando que não tem a “menor preocupação em fazer história na Casa Legislativa” e que deseja que os 41 vereadores façam história. Além disso, o presidente frisou que não tinha ido passear na CMM e que não estava brincando com recurso público.
“Só quem não conhece as instalações da Câmara é que defende que o novo prédio não deva ser feito. Vossa Excelência foi infeliz quando chamou essa obra de ‘puxadinho’. Pode parecer com tudo, menos com um ‘puxadinho’. Eu tenho certeza que Deus irá nos dar vida para estarmos juntos inaugurando essa obra que não é minha, mas é a próxima instalação da Câmara Municipal de Manaus”, retrucou Reis.
De acordo com ele, o novo prédio terá gabinetes adequados e isonômicos, pois, atualmente, apresentam divergência de tamanho e que não irá se opor a melhorias e fortalecimento do Parlamento Municipal.
Ataques
Para defender a posição do presidente da Casa Legislativa em continuar com o pano de construir o anexo, Wallace Oliveira disse que o discurso de Rodrigo Guedes é ‘oportunista’ e ‘eleitoreiro’. Mitoso também categorizou o vereador como oportunista.
Já Glória Carratte, falou até da mãe do Guedes (ex-vereadora) e disse que todos tem direito de pensar no que é melhor para a Casa Legislativa. Por sua vez, Diego Afonso, falou que uma opinião não reflete a de todos os parlamentares, que a construção é um benefício para receber a população.
“Eu queria saber, senhor presidente, se eu sou obrigado a pensar igual a todos os outros parlamentares. Todos nós temos uma forma de pensar. Se os vereadores Wallace e Mitoso pensam que é oportunismo, eu nem sequer vou criticar. Eu acho que é a minha forma de pensar. Se o presidente resolvesse devolver o recurso para a Prefeitura. Vossas Excelências não apoiariam?”, questionou Guedes. “Eu não preciso ficar aqui ouvindo um pronunciamento que não respeita o posicionamento de um parlamentar. (..) Eu tenho um pai, vereador Wallace, eu não preciso que a Vossa Excelência venha dar sermão toda vez que eu me pronuncio. É a minha opinião. Porém, se pensam diferente, tudo bem, isto é Parlamento”, falou Guedes perguntando o porquê de não cobrarem da mesma forma os vereadores Amom Mandel (sem partido) e Carpê Andrade (Republicanos) que também se posicionaram contra a construção do Anexo 2.
É possível ouvir, durante a fala de Guedes, vereadores reclamando.
Voltou atrás
O parlamentar também cobrou explicações de David Reis sobre o “puxadinho”. David Reis voltou atrás e admitiu o erro.
“Eu não sei se a Vossa Excelência falou, mas algum blog deu”, disse Reis, que mudou a opinião quando Rodrigo Guedes disse que não havia falado.
“Eu acabei de falar que a construção do prédio é legal. Está dentro do orçamento da Casa. Em que momento eu diminui o Parlamento? Estamos vivendo uma crise econômico em que as pessoas estão passando fome e dei uma sugestão de retornar o recurso”, explicou Guedes.
“Se Vossa Excelência não disse isso, eu retiro. Eu li em um blog mas como não acompanhei a entrevista, eu me deixei levar”, admitiu. “Peço desculpas. Até porque a Câmara não é puxadinho e o novo prédio que irá servir a população atenderá o disposto na Constituição Federal”, concluiu.
Depois dessa situação, a Sessão Plenária desta segunda-feira, 13, seguiu normal.
Priscila Rosas, para O Poder
Foto: Divulgação