O destrave da regulamentação da exploração mineral no Amazonas e o potencial do Estado para a produção de 70% do potássio do Brasil foram temas de debate nesta quinta-feira, 9, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). O deputado Ângelus Figueira (DC) voltou a cobrar a elaboração de um plano estratégico para desenvolver a economia do Amazonas e lamentou que, até o momento, a Potássio do Brasil Ltda (subsidiária do banco comercial canadense Forbes & Manhattan), que investiu mais de US$ 2 bilhões em Autazes (a 113 quilômetros de Manaus), por questões ambientais está impedida de começar a exploração de potássio na região.
“O Brasil vive um estresse por falta de potássio pra nossa produção de grãos, que depende da adubação. O que evoluiu o agro no Brasil e a economia brasileira e esses produtos (potássio e adubos) vem de outros países, especialmente da Rússia e Israel, que são os maiores produtores de potássio do mundo. Temos em três municípios do Amazonas, a possibilidade de atender 70% da necessidade do Brasil de potássio”, afirmou.
Ângelus Figueira afirmou, ainda, que de Autazes até o município de Juruá existem jazidas de potássio que dariam para atender 75% da demanda do mercado brasileiro. “A dependência do Brasil na questão do potássio é muito grande, e ele está aqui. Só essa jazida de Autazes, abastece 25% do mercado brasileiro. A empresa que se instalou lá, tem tecnologia para gerar o mínimo de impacto ambiental. Tem 137 poços de prospecção e retirada do produto e cada poço custou mais de 4 milhões de dólares. O que isso geraria de emprego no município de Autazes é impressionante e está parado”, alfinetou.
O parlamentar destacou que nos últimos 50 anos, o Amazonas fez um caminho importante de preservação da cobertura vegetal e a preservação de 97% da floresta, mas que a medida ainda não foi reconhecida pelo mundo e nem trouxe benefícios econômicos para o Estado. “Precisamos fazer manejo com enriquecimento das nossas reservas. O Amazonas vai ser um exemplo. Essas riquezas têm que ser dos amazonenses”, ressaltou.
Queima das dragas
A queima de 60 dragas de exploração de ouro ilegal na região de Autazes não é a solução para conter os garimpeiros, segundo Ângelus. Ele cita que o governo federal tem demonstrado que quer a regulamentação da exploração mineral de forma sustentável.
“Tocar fogo em flutuantes não é a solução, quando sabemos que há milhares de balsas. Precisamos encontrar o caminho e o governo tem demonstrado que quer mudanças significativas que abracem esse momento. Fiquei preocupado de encontrar um investimento de mais de 2 bilhões de dólares parado no Amazonas, quando o potássio está entre as necessidades prementes da nossa pátria e esse é um momento estratégico para destravar essas pautas”, ressaltou.
Na esteira do colega, o deputado Tony Medeiros (PSD) saiu em defesa da exploração mineral como novas alternativas econômicas para o Amazonas. “Aqui nada pode. Agricultura não pode, pecuária, exploração de madeira e mineral e até o manejo não pode. Somos áreas de compensação ambiental do Brasil e do mundo. Tive a oportunidade de em Sergipe visitar a mina de silvinita (potássio), que está quase acabando e a produção não supre 8% do que o Brasil necessita de potássio”, alfinetou.
Tony Medeiros afirmou, ainda, que as reservas de silvinita do Amazonas começam no rio Juruá e vão até Santarém (PA). “A nossa reserva de potássio é uma das maiores do mundo e precisamos importar 20 milhões de dólares por dia. Tenho acompanhado a questão de Autazes e essa empresa já ameaçou ir embora pelas dificuldades para se instalar. Dá para gerar empregos nesses municípios onde tem potássio e alimentos. Temos 49,7% da nossa população vivendo abaixo da linha da pobreza e dependente dos programas do governo”, ressaltou.
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Acervo O Poder
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins